Este conteúdo foi publicado originalmente pelo portal ONU News, da Organização das Nações Unidas
A violência continua assolando vastas áreas do Sudão do Sul um ano depois da assinatura do Acordo de Paz Revitalizado para acabar com a guerra civil iniciada em 2013.
Antes do aniversário do novo governo de transição, celebrado nesta segunda (22), a Comissão de Direitos Humanos sobre o país alertou para uma escalada maciça da violência perpetrada em um nível local.
A publicação lançada na sexta-feira em Joanesburgo é a quinta desde que a criação do grupo de especialistas pelo Conselho dos Direitos Humanos para investigar e relatar a situação sul-sudanesa.
Os integrantes coletam e conservam provas para um mecanismo de justiça de transição. Conforme o relatório, ataques de grupos armados a civis provocaram centenas de mortes e centenas de milhares deslocados em 2020.
As ações ocorreram nos estados de Equatória Central, Warrap, Jonglei e Grande Pibor. O Sudão do Sul declarou independência do Sudão em 2011, após décadas de guerra civil. O conflito teve início em finais de 2013 depois de divergências entre o presidente Salva Kiir e o vice-presidente Riek Machar.
O relatório realça que as vítimas dos atos recentes são visadas de acordo com a origem étnica. As incursões teriam o apoio tanto do governo como das forças de oposição.
Dimensão da violência
De acordo com a presidente da Comissão de Direitos Humanos da ONU sobre o Sudão do Sul, Yasmin Sooka, a dimensão da violência ultrapassa a de 2013 e 2019. “Mulheres e meninas foram raptadas, estupradas por gangues e escravizadas sexualmente e, em alguns casos, são casadas à força”, relatou.
Outro membro da comissão, Andrew Clapham, disse que a escala da violência e o uso de armas mais recentes por grupos locais sugere o envolvimento de forças de segurança nacional ou de atores externos.
Entre junho de agosto de 2020, o estado de Jonglei registrou os “atos mais brutais” de violência, incluindo assassinatos e mutilações de civis, incêndios sistemáticos e deliberados de casas ou roubos de até 175 mil cabeças de gado.
Complexos de ONGs foram pilhados nessas incursões. Uma mulher relatou ter sofrido abusos por dez dias consecutivos. Criminosos teriam usado ela e seu grupo como “esposas para fazer sexo”.
Combatentes envolvidos
A comissão considera chocante o número de combatentes envolvidos nesses conflitos localizados. Somente no estado de Jonglei, cerca de 50 mil participaram num ataque à área de Padoy. Outros pelo menos 15 mil atuaram numa incursão a uma aldeia de Likuangole.
Relatos de civis destacam ainda o uso de armas “mais recentes”, nunca vistas em ataques anteriores. Um deles disse que na cidade de Pibor viu armamento usado pelas forças nacionais sendo vendido por poucas centenas de dólares.
“Todas as crianças têm armas”, relatou. No documento, os especialistas descrevem um Sudão do Sul como “cada vez mais polarizado”. Segundo eles, o local dá grande valor à identidade étnica acima da noção do que significa ser um sul-sudanês.
A recomendação feita às partes do conflito é que se envolvam de forma coletiva para construir confiança, consolidar a unidade nacional e reconstruir a confiança na liderança nacional e nas instituições.
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