O partido que governa a Geórgia, Sonho Georgiano, nomeou Irakli Garibashvili ao cargo de primeiro-ministro nesta quinta (18), após a renúncia de Giorgi Gakharia, confirmou a Radio Free Europe.
Gakharia deixou o cargo por se opor à decisão de prender Nika Melia, nome forte da oposição. Melia preside o partido UNM (Movimento Nacional Unido) e é acusado de incitar a violência nos protestos contra o governo que varreram o país em 2019.
“Acredito que este passo ajudará a reduzir a polarização [política] do nosso país”, disse o agora ex-primeiro-ministro, no cargo por dois anos.
Para Gakharia, a prisão de Melia pode levar a uma nova escalada da crise política na Geórgia, já inserida no contexto historicamente instável do Cáucaso. “Infelizmente não consegui chegar a um consenso sobre esse assunto. Decidi renunciar”, afirmou.
Se condenado, Melia pode ficar até nove anos na prisão. Na ex-nação soviética, de 3,7 milhões de habitantes, há protestos e registros de violência por parte da polícia.
Já Garibashvili, que ocupava o cargo de ministro da Defesa do país, ainda não teve a nomeação aprovada pelo Parlamento.
Crise política contínua
Em outubro, a oposição acusou fraude nas eleições parlamentares e vários eleitos se recusam a assumir seus cargos – mesmo após validação de que o pleito foi limpo pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa).
Esta é a segunda vez que Garibashvili assume como primeiro-ministro. O oligarca, próximo ao magnata russo Bidzina Ivanishvili, ocupou o cargo entre 2013 e 2015.
“Irakli Gharibashvili é uma marionete”, disse Melia, em registro do britânico “Financial Times”. “Isso significa que novas eleições serão realizadas no país muito em breve”.
Gharibashvili e Gakharia são acusados de sofrer forte influência da Rússia em suas decisões – fator que preocupa setores da política da Geórgia. Entre os motivos há o mal-estar causado pela perda 20% do território nacional, as regiões da Abecásia e da Ossétia do Sul, para separatistas apoiados por Moscou na guerra de 2008.
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