Este conteúdo foi publicado originalmente pelo portal ONU News, da Organização das Nações Unidas
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou na sexta-feira (19) que os testes e desafios globais estão ficando maiores e mais complexos. O chefe da organização participou da Conferência de Segurança de Munique, que acontece de forma virtual.
Participaram no evento líderes mundiais como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e os chefes de Estado da França, Emmanuel Macron, dos EUA, Joe Biden, e do Reino Unido, Boris Johnson.
“Apesar do aumento dos desafios, as respostas da comunidade internacional continuam fragmentadas e insuficientes”, disse Guterres. Segundo ele, a Covid-19 expôs fragilidades profundas que vão muito além da saúde pública.
“A catástrofe climática está se aproximando, a desigualdade e a discriminação estão rasgando o tecido social, a corrupção está destruindo a confiança e a luta pelos direitos das mulheres enfrenta um retrocesso”, pontuou.
Além disso, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não estão sendo alcançados, o comportamento no ciberespaço criou novos vetores de instabilidade e até o regime de desarmamento nuclear está se desgastando. “2021 deve ser o ano para voltar ao caminho certo”, disse o chefe da ONU.
Prioridades
O secretário-geral destacou quatro prioridades para a comunidade internacional. Primeiro, um Plano Global de Vacinação. Segundo Guterres, o G20 das maiores economias do mundo está bem posicionado para uma Força-Tarefa de Emergência e a ONU cooperará para apoiar o esforço.
Em segundo lugar está a neutralidade de gases de efeito estufa até a metade do século. Até agora, países que representam mais de 65% das emissões e mais de 70% da economia mundial já assumiram esse compromisso.
Nesse sentido, Guterres lançou o desafio de se expandir essa aliança para 90% até à Conferência do Clima da ONU, que acontece em novembro em Glasgow.
Para ele, isso deve começar com etapas concretas, como colocar um preço no carbono e acabar com os subsídios a combustíveis fósseis e reinvestir esses fundos em energia renovável e em uma transição justa.
Em terceiro lugar, é preciso aliviar as tensões geopolíticas. Segundo Guterres, não é possível resolver os problemas quando as maiores potências estão em conflito. “O mundo não pode permitir um futuro em que as duas maiores economias dividam o globo em duas áreas opostas”.
Nessa situação, cada área teria sua própria moeda dominante, regras comerciais e financeiras, internet e capacidade de inteligência artificial. A esse respeito, Guterres repetiu o apelo por um cessar-fogo global para 2021.
Por fim, em quarto lugar, o chefe da ONU disse que é hora de redefinir a governança global para o século 21. “Os acordos de segurança coletiva adotados há mais de 75 anos evitaram uma terceira guerra mundial, mas que agora é preciso que esses princípios comuns resistam no século 21”, apontou.
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