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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

ONU: Estados Unidos marcam regresso oficial ao Acordo de Paris

Este conteúdo foi publicado originalmente pelo portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

Os Estados Unidos marcaram seu retorno oficial ao Acordo de Paris em cerimônia realizada na sexta-feira (19) na ONU. A decisão veio após a posse do presidente Joe Biden, em 20 de janeiro, em ordem executiva iniciando o processo de 30 dias. 

Com a saída norte-americana do tratado, formalizada no ano passado, o país foi o primeiro e único a desistir do acordo global adotado em 2015. Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o regresso dos Estados Unidos ao Acordo de Paris marca “um dia de esperança”.  

No evento virtual participou o enviado presidencial especial dos EUA para o Clima, John Kerry. O chefe da ONU destacou que a ação dele “se reflete no acordo histórico” e recordou que em 2016 o representante assinou o tratado com sua neta.

ONU: Estados Unidos marcam regresso oficial ao Acordo de Paris
Enviado presidencial especial dos EUA para o Clima, John Kerry, em 2016, assinando o tratado com sua neta (Foto: ONU/Amanda Voisard)

Kerry frisou que os Estados Unidos estão se juntando ao Acordo Climático de Paris “com humildade e com ambição”. Ele destacou que todas as nações devem elevar a visão comum, aumentar a ambição, juntas, ou todos fracassarão juntos.

Para o enviado especial, limitar um aumento na temperatura média global a não mais do que 1,5˚C é crítico. “Qualquer coisa além disso terá implicações catastróficas ao redor do globo”, disse Kerry.

Guterres ressaltou que o pacto envolve descendentes da geração atual e recomendou que haja mais rapidez e ambição para lidar com a crise que chamou a “corrida de nossas vidas”.

Guterres disse que ainda está ao alcance do mundo construir um futuro de energia renovável e infraestrutura ecológica que proteja às pessoas e ao planeta, além de garantir prosperidade para todos.

Elo perdido

Para o chefe da ONU, a ausência de um ator-chave criou uma lacuna no Acordo de Paris nos últimos quatro anos. “Foi um elo perdido que enfraquecia o todo”, disse.

Guterres realçou que a reentrada norte-americana, na íntegra, está de acordo com os criadores do pacto. Mas apontou que os compromissos até agora não são suficientes e nem têm sido cumpridos.

O secretário-geral citou sinais de alerta observados desde 2015. No período, o mundo viveu os seis anos mais quentes já registrados. Houve ainda níveis recordes de dióxido de carbono, a piora de incêndios, inundações e eventos climáticos extremos em todas as regiões. 

Para o secretário-geral, se não houver uma mudança o mundo poderá enfrentar um aumento catastrófico de temperatura de mais de 3 graus neste século. Guterres apontou que 2021 será um ano crucial para lidar com esse aspecto. 

ONU: Estados Unidos marcam regresso oficial ao Acordo de Paris
Temporada de incêndios na Austrália impactaram diretamente a fauna nativa selvagem. (Foto: WikiCommons)

Futuro

O discurso destacou ainda a COP26 (Cúpula do Clima da ONU), em Glasgow, como decisiva. A expectativa é que os governos apresentem decisões que determinarão o futuro das pessoas e do planeta nesta conferência. 

Guterres apontou o papel determinante dos Estados Unidos, juntamente com todos os membros do G-20, para a realização de três objetivos principais definidos pela comunidade internacional. 

Como a prioridade, o chefe da ONU apontou a visão de longo prazo para se criar um ambiente verdadeiramente global, com uma coalizão em favor de emissões líquidas zero até 2050. Sobre o tema, a expectativa da ONU é que o governo norte-americano se associe ao grupo.

Em segundo lugar, o líder da ONU disse que na próxima década espera que todos os governos apresentem planos nacionais concretos mais ambiciosos e credíveis para o período. 

Pós-pandemia

Por fim, o representante lembrou a urgência dessas ações. O momento de recuperação da pandemia é para ele “uma oportunidade para recuperar de forma mais robusta e melhor”. 

Entre as metas citadas no discurso estão a eliminação progressiva do carvão, o apoio de uma transição justa, com treinamento e oportunidades para pessoas cujos empregos serão impactados pela medida. 

Guterres apontou ainda o fim de investimento em projetos de combustíveis fósseis pelo seu impacto negativo na saúde das pessoas, na destruição da biodiversidade e contribuição para a crise climática. Outra meta é a promoção de impostos sobre emissões de carbono.

Antes do evento na ONU, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, realçou que o Acordo de Paris é uma “estrutura sem precedentes para uma ação global”. Ele lembrou que seu país ajudou a conceber o tratado e a torná-lo uma realidade.

O chefe da diplomacia norte-americana declarou que tal como na adesão do país ao acordo em 2016, agora, no seu retorno, “o mais importante ainda serão as ações para as próximas semanas, meses e anos”. 

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