Apesar dos avanços na distribuição global de vacinas, 130 países ainda não haviam administrado sequer uma dose em 2,5 bilhões de pessoas até o último dia 5, disse o diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus.
Segundo Ghebreyesus, o número de imunizações ultrapassou os relatos de infecções, mas a distribuição ainda deixa a desejar. Apenas dez países administraram mais de três quartos das mais de 131 milhões de vacinas já utilizadas no mundo.
Cerca de 102,3 milhões de doses já foram aplicadas nos EUA, China, UE (União Europeia) e Reino Unido. O restante foi dividido entre 63 países. “Cerca de 130 países, com 2,5 bilhões de pessoas, ainda não administraram uma única dose”, disse Tedros.
A Covax, iniciativa de distribuição de vacinas com apoio da OMS, exortou os países mais ricos a compartilhar as doses assim que terminem de imunizar seus idosos e profissionais de saúde com alta exposição à Covid-19.
“Também precisamos de um aumento gigantesco na produção”, exortou o diretor da OMS. “Os fabricantes podem fazer mais. Por terem recebido financiamento público substancial, incentivamos todos a compartilhar seus dados para garantir o acesso global às vacinas”.
Organizações contra oligopólio
A organização Human Rights Watch lançou novos questionamentos sobre os termos contratuais para a distribuição de vacinas das grandes fabricantes, como BioNTech/Pfizer e AstraZeneca.
A entidade questiona quanto os governos estão pagando às empresas e por quê. Há relatos de que o governo de Uganda pagou 20% a mais que a África do Sul e o triplo que a UE.
Um dos motivos seria o “racionamento artificial” de suprimentos às doses, conforme relatório da People’s Vaccine Alliance. A investigação aponta que a Pfizer, Moderna e AstraZeneca planejam produzir doses para apenas um terço da população global.
Como os países ricos compraram várias doses da vacina, porém, o número real de cobertura é muito menor. Já as farmacêuticas se recusam a compartilhar sua tecnologia, apesar dos subsídios públicos.
A tentativa de derrubar a patente da fórmula está na OMC (Organização Mundial do Comércio), sob liderança da Índia e África do Sul. O Brasil, histórico defensor dos medicamentos genéricos, não participa.
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