Sanções econômicas severas impostas por EUA e União Europeia (UE), êxodo de empresas ocidentais, fuga de cérebros… Os problemas enfrentados pela Rússia desde que invadiu a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, são o “começo do fim” do governo de Vladimir Putin. Essa é a análise do cientista político norueguês Iver Neumann, que concedeu entrevista à rede Radio Free Europe.
Neumann afirma que a situação econômica do país já não era boa antes do conflito. E piorou bastante desde então, com a estratégia ocidental de punir as finanças russas a fim de cortar as fontes de dinheiro da máquina de guerra de Moscou. Segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), a previsão é de um encolhimento de 15% na economia russa neste ano e de 3% em 2023.
“Então, desde que o mandato de Putin começou há 22 anos, muito pouco, se alguma coisa, realmente aconteceu com a economia”, diz o analista, que destaca como grande erro do presidente russo a ideia de que pode manter sua economia forte mesmo isolada internacionalmente.
“Putin diz: ‘O Ocidente terá sua economia e nós teremos nosso volya, ou vontade, e com isso vamos perseverar’. Mas simplesmente não funciona assim. Então, acho que este é o começo do fim do regime de Putin”, afirma Neumann.
Segundo o norueguês, o que explica a invasão, mesmo ante ao risco previsível de sanções, é o desejo de “reunir as terras russas” e ganhar relevância histórica. “Assim como acontece com tantos déspotas antigos, chegamos a um ponto em que Putin está pensando nos livros de história. E como os czares russos entram nos livros de história de maneira grandiosa? Bem, eles vencem guerras e conquistam territórios”, diz.
Caso a queda do presidente venha a confirmar, para a qual não é possível estabelecer prazo, Neumann diz que é difícil prever o que virá depois. Ele destaca que Putin fez “um trabalho completo de erradicar o que havia de pensamento e trabalho liberal organizado na Rússia”. E avalia: “Ruim para o país, bom para o regime de Putin“.
Navalny no poder?
Um nome que naturalmente entra no debate da sucessão é o de Alexei Navalny, principal rival político de Putin e atualmente preso na Rússia. “Ele definitivamente está enfrentando o poder e está falando o que pensa. E ele está fazendo isso sem nenhum filtro”, avalia o norueguês, que destaca a “convicção” do oposicionista e o classifica como “bom organizador”.
Entretanto, Neumann diz não enxergar o rival de Putin como uma figura pró-Ocidente. “Navalny está preso, o movimento dele é super interessante. Mas o movimento de Navalny não é um movimento claramente ocidentalizado, começou como movimento nacionalista russo”, afirma. “Eu penso em Navalny mais como uma espécie de Pedro, o Grande em formação, que é preciso ocidentalizar para trazer a Rússia à velocidade, por assim dizer”.
De toda forma, o cientista político avalia como reduzidas as chances de Navalny chegar ao poder. Isso porque a corrupção está enraizada no sistema político russo, e o combate a ela é justamente a bandeira do oposicionista. “Em um sistema corrupto, qualquer novo poder terá meio que consolidar seu poder sendo corrupto. Então, como você sai desse círculo vicioso?”, questiona.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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