O Irã ameaçou restringir o acesso dos inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) ao seu estoque nuclear caso os EUA não derrubem as sanções impostas pelo ex-presidente Donald Trump a partir de 2018.
Em conversa por telefone com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, nesta quinta-feira (18), o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que o país apoia a implementação do acordo nuclear firmado em 2015.
Em troca, Rouhani exigiu que Washington retire o pacote de sanções impostos à economia do Irã, informou a Reuters. A AIEA anunciou na terça (16) que poderia reduzir o monitoramento dos estoques nucleares do país a partir do próximo dia 23.
No relatório confidencial da AIEA, ao qual o jornal norte-americano “The Wall Street Journal” teve acesso, a agência listava medidas que limitariam a capacidade de supervisionar a operação nuclear iraniana caso ocorresse uma negativa de Teerã.
Além do bloqueio das equipes da AIEA, o Irã também ameaçou proibir o uso de tecnologias de medição online do enriquecimento de urânio e o acesso a plantas fabris em Natanz, principal polo nuclear do país.
O país intensificou as violações ao acordo nuclear de 2015 a partir da saída dos EUA do tratado, três anos depois. Já a produção e enriquecimento de urânio aumentaram após o assassinato do principal cientista nuclear do país, em novembro de 2020.
Retorno ao acordo
Nesta quinta-feira (18), o chanceler francês Jean-Yves Le Drian se reuniu com diplomatas de Reino Unido, Alemanha e EUA para discutir uma possível revisão do acordo nuclear.
O presidente norte-americano Joe Biden prometeu que tentará voltar ao tratado, mas exige que Teerã reverta as violações cometidas desde 2018.
Já a chanceler alemã Angela Merkel expressou preocupação com o não cumprimento do pacto pelo Irã. Em conversa por telefone, ela enfatizou o “grande interesse” da Alemanha de preservar o acordo, registrou a Deutsche Welle.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, por sua vez, descartou negociações. “Ouvimos muitas palavras bonitas e promessas que na prática foram quebradas e ações opostas foram tomadas. Queremos ação, não palavras”.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, deve viajar ao Irã neste sábado (20) para negociar a retomada nas relações.
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