Os cortes deliberados no fornecimento de internet em meio a conflitos civis se tornaram prática comum entre governos autoritários, alertou a Top10VPN, empresa especializada em privacidade online. Em 2020, 21 países utilizaram essa “tática de guerra” em um total de 93 vezes.
A maioria dos bloqueios ocorre por determinação de governos que tentam inviabilizar protestos – sobretudo nos períodos eleitorais ou na sequência de golpes de Estado. De Mianmar à Etiópia, passando por Índia e Uganda, o objetivo é controlar e restringir os fluxos de informação.
Em Mianmar, o Exército cortou a internet por cerca de 24 horas no último dia 6 para impedir protestos contra o recente golpe de Estado e detenção da líder eleita, Aung San Suu Kyi, e seus aliados.
Os estados birmaneses de Rakhine e Chin, que concentram a minoria étnica rohingya, sofreram seguidas interrupções na conexão desde junho de 2019.
Em Belarus, na Europa oriental, a internet ficou “fora do ar” por 61 horas após a sexta reeleição de Aleksander Lukashenko – presidente desde 1994, em agosto.
Na região indiana de Jammu e Caxemira, a internet ficou fora do ar por cerca de 18 meses em meio a manifestações contra o fim do status semiautônomo da região, de histórico separatista e maioria muçulmana.
O governo da Índia também tentou impedir protestos de agricultores, que reúnem milhões em todo o país, ao cortar a conexão de áreas da capital, Nova Délhi.
Também são comuns interrupções em Uganda e na Etiópia, ambos na África. Enquanto o presidente ugandês Yoweri Museveni, no poder desde 1986, reage contra a oposição após as eleições que lhe deram um novo mandato, a região etíope de Tigré segue ilhada por conflitos regionais que já se espalham por todo o país, comandado pelo premiê Abiy Ahmed.
Violações cresceram na pandemia
Além dos cortes de internet, 83 governos em todo o mundo usaram a pandemia para justificar violações aos direitos humanos, segundo levantamento da organização Human Rights Watch, da última quinta (11).
Houve ataques, detenções arbitrárias e assassinatos de jornalistas dissidentes em meio a protestos pacíficos. Na maioria dessas nações, meios de comunicação foram fechados e leis foram criadas para criminalizar o discurso de oposição.
Um exemplo é o Zimbábue, que introduziu a chamada Lei de Ordem da Saúde Pública ainda em março de 2020. O texto ameaça com 20 anos de prisão quem “noticiar informações falsas” sobre questões de saúde pública, informou a emissora Voice of Africa.
Outros países como China, Cuba, Egito, Rússia, Turquia, Venezuela, Vietnã e Bangladesh também geram preocupação por conta das crescentes violações registradas durante a pandemia.
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