A fome já é generalizada em pelo menos 20 países do mundo, alertou a ONU (Organização das Nações Unidas) na última sexta (6). Para tentar conter a desnutrição grave, as agências humanitárias pedem ajuda.
A situação é mais grave em quatro países: Burkina Faso, Sudão do Sul e Nigéria, na região região noroeste da África, e Iêmen, na península arábica. A principal razão é a série de conflitos de longa duração e as consequentes dificuldades de acesso do apoio humanitário.
No Iêmen, por exemplo, o governo e grupos rebeldes em disputa bloquearam diversos fluxos de ajuda humanitária ao país. Da mesma forma, no Sudão do Sul, grupos beligerantes usam a fome como arma de guerra.
“São países que já tinham níveis elevados de insegurança alimentar e agora enfrentam o risco de uma deterioração mais rápida nos próximos meses”, disse a assessora alimentar do Programa Mundial de Alimentos, Claudia Ah Poe.
Além disso, eventos climáticos extremos e as consequências econômicas deixadas pela pandemia acentuam a dificuldade do acesso aos alimentos. Outros países em risco eminente são o Afeganistão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti e Venezuela.
A estimativa é que cerca de 22 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar aguda nesses países.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos – vencedor do Nobel da Paz em 2020 –, pouco mais de 97,6 milhões de pessoas viviam com fome em 27 países do mundo em 2019.
Em 2020, esse número saltou para cerca de 105 milhões. “A tendência é que esse número cresça ainda mais”, disse Ah Poe. De acordo com a agência de alimentos da ONU, a estimativa é que mais de 120 milhões de pessoas terminem o ano com fome.
Pedido de ajuda
A ONU chama a atenção para que a comunidade internacional não deixe repetir o que ocorreu na Somália em 2011. Em julho, o país decretou estado de emergência por conta da fome que assolava a região sul do país. Em maio, porém, mais de 260 mil pessoas já haviam morrido por desnutrição grave.
“No momento em que há declaração de fome, já é tarde demais para agir”, disse o analista de crises alimentares da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), Luca Russo.
Neste sentido, o diretor de Emergências da FAO, Dominique Burgeon, exortou uma ação urgente dos países membros da ONU. “Precisamos ter acesso a essas populações para garantir que tenham alimentos, meios de produzi-los para prevenir o pior cenário”, disse.
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