A crise humanitária do Iêmen tem piorado com a restrição de ajuda, denunciou a Human Rights Watch na segunda (14). Os dois lados do conflito, de rebeldes houthis e do governo do país, têm bloqueado a chegada de auxílio de forma sistemática.
Houve corte deliberado de doação de alimentos, equipamentos de saúde e água à população por parte do grupo rebelde houthi, do governo reconhecido do Iêmen e das forças apoiadas pela Arábia Saudita.
Fragilizado desde o início da guerra civil, em 2015, o Iêmen vive a pandemia com um sistema de saúde frágil e sobrecarregado, índices de desnutrição fora de controle e milhares forçados a deixar suas casas.
De acordo com o relatório, doadores como a ONU (Organização das Nações Unidas) e outras entidades suspenderam as chegadas mesmo em meio à maior crise humanitária do mundo.
Até junho, a arrecadação de recursos da ONU para o país foi de US$ 1,3 bilhão, pouco mais da metade do objetivo de US$ 2,4 bilhões.
“A obstrução dos fluxos e os recentes cortes de ajuda de doadores tornam catastróficos o já dizimado setor de saúde do Iêmen e a disseminação da Covid-19 já é desenfreada”, disse o diretor da HRW Gerry Simpson.
Os mesmos doadores – Estados Unidos, Reino Unido, França e Canadá – venderam armas à coalizão aliada ao governo iemenita, o que aprofundou a guerra civil no país
Abismo humanitário
Estima-se que 80% dos 30 milhões de habitantes do Iêmen dependam de alguma ajuda humanitária para viver – situação que a ONU define como a pior crise humanitária do mundo.
De acordo com a Universidade John Hopkins, o Iêmen possui nesta terça (15) pouco mais de dois mil casos confirmados de coronavírus e 583 mortes. Considerando a grave subnotificação o país têm, na prática, números muito maiores de contaminação.
“Com testes limitados, uma população com sistema imunológico enfraquecido e um sistema de saúde em colapso, o número real é certamente muito mais alto”, diz o relatório.
Além disso, integrantes do grupo houthi teriam alertado os profissionais da saúde para que não relatassem os casos, denunciou a organização.
Questionadas, as autoridades houthis negaram todas as acusações de obstrução de ajuda humanitária. “Todas as agências de ajuda que alegam isso estão seguindo ordens políticas”, disseram.
O governo do Iêmen não se pronunciou, assim como o Conselho de Transição.
O post Governo e rebeldes têm bloqueado fluxos de ajuda humanitária no Iêmen apareceu primeiro em A Referência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, evite comentários depreciativos e ofensivos