Uma nova iniciativa foi anunciada pela União Europeia (UE) na terça-feira (7) com o objetivo de combater as campanhas de desinformação coordenadas pelos governos da Rússia e da China. As informações são do site Politico.
O Centro de Compartilhamento e Análise de Informações (ISAC, na sigla em inglês) foi anunciado por Josep Borrell, chefe da diplomacia do bloco. Ele divulgou o projeto em Bruxelas, durante a conferência “Além da Desinformação: Respostas da UE à Ameaça de Manipulação de Informação Estrangeira”.
A iniciativa funcionará de forma descentralizada, com o objetivo de rastrear a informação e compartilhar os dados com os 27 Estados-Membros, ONGs e agências de segurança cibernética. A coordenação será do Serviço Europeu de Ação Externa (EEAS), que divulgou um relatório sobre o tema.
“O relatório usa a metodologia de melhores práticas e descreve uma ampla variedade de táticas de manipulação e interferência de informações aplicadas por Rússia e China nos últimos meses de 2022”, disse o órgão.
No discurso de apresentação do projeto, Borrell citou a guerra em curso na Ucrânia como terreno fértil para as campanhas de manipulação e interferência de informações estrangeiras promovidas por Moscou.
“A Rússia está usando manipulação e interferência de informações como um instrumento crucial dessa guerra. Esta guerra não é apenas [sobre] usar explosivos, bombas, balas, matar pessoas. É sobre a mente das pessoas. É sobre como conquistar o espírito, a inteligência, o entendimento das pessoas”, disse ele.
Borrell afirmou ainda que o problema é antigo e se tornou uma “indústria” na Rússia. “Eles têm investido massivamente, muito mais do que nós investimos no combate à desinformação”, declarou, alegando que ele próprio tem sido alvo de Moscou. “Eles são mestres nisso, investem muito, usam milhares de pessoas e fazem isso de forma sistemática, permanente e industrializada. Como uma arma”.
No que tange a Beijing, um tema que gerou grande campanha de desinformação foi a pandemia de Covid-19. “Somente observando e documentando consistentemente essas atividades podemos entender e ilustrar seu vasto escopo, natureza manipuladora e consequências prejudiciais”, afirma o relatório do EEAS.
Em dezembro de 2021, o Centro de Análise de Política Europeia (CEPA) já havia alertado que tanto China quanto Rússia atuaram fortemente para manipular a informação durante a crise de saúde.
Um estudo divulgado na ocasião pelo CEPA apontou que os dois governos vinham usando meios estatais para impulsionar desinformação sobre as origens do coronavírus, promover tratamentos sem efetividade comprovada e contestar a eficácia das vacinas. “Quando veio a pandemia, começamos a falar sobre ‘a batalha das narrativas'”, afirmou Borrell.
De um lado, Beijing usou de toda sua gama de agências estatais multilíngues, redes sociais e funcionários do governo para tentar provar ao mundo que não tem culpa pela origem da pandemia e é o principal aliado global na luta contra a doença. Do outro, Moscou lançou esforços para vilipendiar o Ocidente e suas estratégias sanitárias de combate ao coronavírus.
“Temos que focar em atores estrangeiros que intencionalmente, de forma coordenada, tentam manipular nosso ambiente informacional”, diz Borrell no relatório. “Precisamos trabalhar com parceiros democráticos em todo o mundo para combater a manipulação de informações por regimes autoritários de forma mais ativa. É hora de arregaçar as mangas e defender a democracia, tanto em casa quanto no mundo”.
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