A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que Moçambique iniciou na segunda-feira (27) uma campanha de vacinação contra o cólera que busca atingir cerca de 720 mil pessoas em oito distritos.
A imunização faz parte de medidas do governo para controlar um surto com mais de cinco mil casos e 37 mortes desde setembro de 2022.
Crianças acima de um ano serão vacinadas na campanha que começou dez dias após a entrega das doses. As autoridades de saúde reforçam também a vigilância da doença, medidas de prevenção e controle, tratamento e sensibilização da população para acabar com a propagação.
O representante da OMS em Moçambique, Severin von Xylander, afirma que a campanha de imunização será crucial para conter o cólera e salvar vidas
A agência de saúde da ONU está cooperando com as autoridades locais para reforçar a resposta ao surto com equipes nas três províncias mais afetadas: Niassa, Sofala e Tete.
Aumento de casos
A OMS também desembolsou US$ 856 mil para Moçambique e forneceu suprimentos médicos e remédios. O cólera foi notificado em cinco das 11 províncias do país num aumento acentuado de casos desde meados de dezembro.
Durante a campanha de vacinação, os profissionais de saúde usarão uma abordagem mista com imunização em postos de saúde, equipes móveis e visitas porta-a-porta.
Vacinas orais serão usadas em conjunto com melhorias na água e saneamento para controlar surtos de cólera e fazer a prevenção em áreas de alto risco para a doença.
Regime vacinal
Apesar da escassez global de vacinas e do aumento da demanda devido aos surtos em todo o mundo, a OMS e seus parceiros conseguiram fornecer a imunização aos países mais afetados pelo cólera na África Austral. Moçambique recebeu cerca de 720 mil doses da vacina oral.
A pressão levou o Grupo de Coordenação Internacional para o Fornecimento de Vacinas a suspender temporariamente o regime padrão de vacinação de duas doses em campanhas, usando, em vez disso, uma abordagem de dose única.
O cólera é uma infecção aguda e extremamente virulenta que pode se espalhar rapidamente e causar desidratação, resultando em alta morbidade e mortalidade. No entanto, a doença é facilmente tratável.
Surtos anuais
Segundo a OMS, a maioria das pessoas pode ser tratada com sucesso por meio da administração imediata de solução de reidratação oral ou fluidos intravenosos.
A doença é endêmica em Moçambique e, juntamente com outras doenças diarreicas, é uma das principais causas de morte infantil. Há surtos anuais nas províncias do norte do país.
A transmissão está intimamente ligada ao saneamento precário e ao acesso inadequado à água potável. Eventos climáticos extremos, como secas e inundações, estão agravando os riscos de cólera.
Em Moçambique, as inundações causadas pela atual estação chuvosa afetaram mais de 39 mil pessoas, causaram nove mortes e grandes danos às infraestruturas, incluindo estradas, pontes, centros de saúde e 76 mil residências.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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