Um militar sul-africano, membro da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) na República Democrática do Congo, a Monusco, morreu no domingo (5), quando o helicóptero em que ele viajava foi atacado. As informações são do site The Defense Post.
A aeronave se dirigia a Goma, capital da província de Kivu do Norte, quando foi alvejada. Além do soldado de paz morto, um companheiro dele ficou ferido, mas ainda assim conseguiu conduzir o helicóptero até o destino final, onde recebeu atendimento.
Amadou Ba, porta-voz da Monusco, diz que o incidente está sendo investigado, mas ainda não foi possível determinar a origem do ataque.
As forças armadas da África do Sul confirmaram o episódio. “Um helicóptero Oryx foi atacado em Goma, na República Democrática do Congo, no domingo, 5 de fevereiro de 2023”, disse a Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) em comunicado.
“Um membro da tripulação foi morto a tiros, outro sofreu ferimentos, mas conseguiu continuar pilotando o helicóptero e pousou com segurança no aeroporto de Goma. A SANDF está informando os familiares dos soldados envolvidos neste infeliz incidente”, prossegue o texto.
A ONU se manifestou sobre o ocorrido, e o secretário-geral António Guterres instou as autoridades congolesas a investigar “esse hediondo ataque e levar rapidamente os responsáveis à justiça”, de acordo com comunicado divulgado por Stephane Dujarric, porta-voz do chefe da entidade.
Já o chefe da Monusco, Bintou Keita, disse que “condena veementemente este ataque covarde a uma aeronave com o emblema da ONU”, destacando que “ataques contra forças de paz podem constituir um crime de guerra”.
Por que isso importa?
Em junho do ano passado, no Memorial Anual para honrar os funcionários que morreram em serviço, a ONU anunciou que, no período entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021, foi registrado o maior número de mortes de servidores em um ano.
No total, 485 funcionários das Nações Unidas morreram em 2021, sendo 414 civis. De acordo com o chefe da organização, o secretário-geral António Guterres, eles eram de 104 nações de todos os cantos do mundo. Desde a fundação, mais de 3,5 mil homens e mulheres perderam a vida enquanto serviam à entidade.
Ole Bakke, norueguês servindo na Palestina, foi a primeira vítima da história da ONU, morto a tiros em julho de 1948. Dois meses depois, Folke Bernadotte, da Suécia, mediador na Palestina, foi o segundo a ser morto. Já o secretário-geral Dag Hammarskjöld, junto com outras 15 pessoas, morreu em um acidente de avião na antiga Rodésia, atual Zâmbia, em 1961.
Três décadas depois da morte de Hammarskjöld, o número e a escala crescentes de missões de paz da ONU passaram a colocar muitos funcionários em risco. Mais vidas foram perdidas durante a década de 1990 do que nas quatro décadas anteriores combinadas.
Recentemente, a ONU se tornou um alvo como entidade, com suas instalações atacadas três vezes: em Bagdá, 2003, Argel, 2007, e Cabul, 2009. O atentado em Bagdá matou o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que servia como alto comissário para os direitos humanos.
De 2013 a 2017, um aumento consistente nas mortes de soldados de paz devido a atos violentos resultou em 195 mortes.
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