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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Alemanha expulsa diplomatas do Irã após sentença de morte imposta a dissidente

A Alemanha anunciou nesta quarta-feira (22) a expulsão de dois diplomatas iranianos em retaliação à sentença de morte imposta pelo Tribunal Revolucionário da República Islâmica contra Jamshid Sharmahd, um dissidente iraniano com cidadania alemã. As informações são da agência Associated Press.

Sharmahd, de 67 anos, nasceu no Irã, mas se mudou com a família para o país europeu quando criança. Ele morava nos Estados Unidos desde 2003, porém, em 2020, foi sequestrado por agentes da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) enquanto estava em Dubai, nos Emirados Árabes. De lá, foi levado de volta para a terra natal.

O iraniano-alemão foi condenado à morte após ser considerado culpado de Mofsed fel-Arz, um crime que pode ser traduzido como “espalhar corrupção na Terra”, comumente usado pelo regime iraniano para atingir dissidentes políticos. O processo ocorreu a portas fechadas, num sistema típico do judiciário local em que grupos de direitos humanos dizem que os réus não podem escolher seus advogados ou ver as provas contra eles.

Jamshid Sharmahd foi sequestrado em 2020 em Dubai por agentes iranianos, segundo familiares (Foto: Twitter/Reprodução)

Teerã afirma que Sharmahd está à frente do braço armado de uma organização de oposição que defende a restauração da monarquia derrubada na Revolução Islâmica de 1979, tendo planejado atividades terroristas.

Classificado pelo regime iraniano como um grupo terrorista, o “Tondar” (“trovão”, em tradução literal) foi responsabilizado por inúmeros ataques entre 2005 e 2010. Em um deles, ocorrido em 2008, a explosão de uma bomba na mesquita da cidade iraniana de Shiraz causou a morte de 14 pessoas.

No entanto, familiares sustentam que Sharmahd era apenas o porta-voz do grupo, não tendo envolvimento em qualquer ataque. Também acusam a inteligência iraniana de sequestro.

A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, condenou a sentença, definindo-a como “totalmente inaceitável”. Ela pediu a instauração de um novo julgamento justo, acusando o Irã de “clara violação dos direitos de um cidadão alemão”.

“Como consequência, o governo alemão declarou dois membros da embaixada iraniana como pessoas indesejadas e pediu-lhes que deixassem a Alemanha a curto prazo”, disse Annalena. “Exigimos que o Irã revogue a sentença de morte contra Jamshid Sharmahd e permita que ele tenha um recurso justo e de acordo com o Estado de Direito”.

A sentença de morte, que pode ser apelada, ocorre no contexto de um longo período de protestos antigovernamentais, iniciados em setembro após a morte de Mahsa Amin. Pelo menos 530 manifestantes foram mortos e quase 20 mil pessoas foram presas desde então, de acordo com a ONG Human Rights Activists in Iran, que monitora os distúrbios.

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