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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Manifestantes iranianos vão às ruas em várias cidades em luto por homens executados

O Irã registrou na quinta-feira (16) a maior onda de protestos antigovernamentais em semanas. Embora as manifestações de rua, iniciadas em setembro após a morte de Mahsa Amin, tenham diminuído recentemente por conta da rígida resposta das forças de segurança, pequenas multidões marcharam à noite na capital, Teerã, e em várias outras partes do país. As informações são da rede BBC.

Os atos marcaram o 40º dia de luto pelas execuções de Mohammad Mehdi Karami e Seyed Mohammad Hosseini, manifestantes levados sob custódia e que tiveram os recursos rejeitados pela Justiça iraniana, acabando no corredor da morte. Ambos foram acusados de participar do assassinato de um membro da milícia Basij, grupo paramilitar voluntário a serviço da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).

Nas redes sociais, vídeos mostram os manifestantes cantando “Mulher, vida, liberdade” e “Morte a Khamenei” (líder supremo do Irã), mesmas palavras de ordem usadas por um grupo de hackers durante um ciberataque que interrompeu o discurso do presidente Ebrahim Raisi no sábado passado (11) durante as cerimônias do 44º aniversário da Revolução Islâmica.

Em Estocolmo, na Suécia, cidadãos protestam contra a repressão no Irã (Foto: Artin Bakhan/Unsplash)

De acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA), já são pelo menos 529 manifestantes mortos e aproximadamente 20 mil presos detidos. 

Quatro manifestantes foram enforcados desde dezembro, enquanto outros 107 foram condenados à morte ou acusados ​​de crimes capitais. A primeira execução foi cumprida no começo de dezembro, quando o rapper Moshen Shekari foi enforcado após ter o recurso de sua sentença rejeitado pela Suprema Corte do Irã, acusado de “inimizade contra Deus”.

A Hengaw, uma ONG curda de direitos humanos sediada na Noruega, publicou imagens que seriam manifestantes queimando pneus para bloquear uma estrada principal na cidade de Sanandaj, epicentro dos atos.

Iranianos também saíram às ruas nas proximidades de Karaj, na cidade oriental de Mashhad, na cidade central de Isfahan, nas cidades do norte de Qazvin e Rasht e nas cidades ocidentais de Arak e Izeh.

As mulheres continuam a engrossar o coro das manifestações, recusando-se a cumprir as rígidas leis do uso do hijab em locais públicos. Uma determinação que obriga o uso do véu para cobrir a cabeça foi instituída em 1979 e é válida para mulheres e meninas com mais de nove anos de idade.

Por que isso importa?

Nos últimos meses, protestos populares tomaram as ruas do Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois.

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da república islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes.

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

Além dos mortos e feridos, a HRW cita os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. Condena ainda o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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