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terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Aliado de Putin admite ter criado a “fazenda de trolls” que influenciou nas eleições dos EUA

O empresário Evgeny Prigozhin, importante aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu ter sido o criador de uma famosa “fazenda de trolls” que dissemina desinformação online, ajudando assim a espalhar a propaganda estatal russa na internet. Foi ela que atuou conforme os interesses do Kremlin para influenciar nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. As informações são da rede CNN.

A revelação foi feita através de um canal do aplicativo de mensagens Telegram. Prigozhin foi questionado como costuma reagir às afirmações de que criou a Internet Research Agency (Agência de Pesquisa da Internet, em tradução literal). “Eu reajo com prazer”, disse ele.

Na sequência, o empresário deu mais detalhes sobre seu papel no estabelecimento da “fazenda de trolls”. “Nunca fui apenas o financiador da Internet Research Agency (IRA). Eu inventei, criei, gerenciei por muito tempo. Foi fundada para proteger o espaço de informação russo da propaganda grosseira e agressiva da narrativa antirrussa do Ocidente”, afirmou.

O presidente russo Vladimir Putin, de preto, e o empresário Evgeny Prigozhin (à dir.) (Foto: WikiCommons)

A IRA chegou a ser sancionada pelo governo norte-americano em 2018. A instituição é acusada de criar um enorme número de perfis falsos na internet que se passam por pessoas legítimas com o objetivo de disseminar narrativas e estabelecer debates que venham a beneficiar Moscou e prejudicar seus rivais ocidentais, sobretudo os EUA.

“Através dessa atividade, o IRA postou milhares de anúncios que alcançaram milhões de pessoas online. O IRA também organizou e coordenou comícios políticos durante as eleições de 2016, enquanto escondia sua identidade russa. Além disso, o IRA utilizou ilegalmente informações de identificação pessoal de pessoas dos EUA para abrir contas financeiras para ajudar a financiar as operações do IRA”, disse o Departamento do Tesouro ao anunciar as sanções.

No caso, o aliado de Putin se referiu à eleição presidencial norte-americana de 2016, que colocou Donald Trump no poder. Em novembro do ano passado, Prigozhin admitiu ter atuado na internet para tentar direcionar o pleito conforme os interesses russos. “Senhores, nós interferimos antes, interferimos agora e iremos interferir depois”, afirmou na ocasião.

Financiador de mercenários

O empresário do ramo alimentício, conhecido como “chef de Putin” pelos contratos que suas empresas têm para fornecer refeições ao governo russo, também admitiu no ano passado ter sido o fundador do Wagner Gropup. Trata-se de uma organização paramilitar que durante anos viveu cercada de mistério, mas que desde o início da guerra na Ucrânia passou a operar abertamente.

“Eu mesmo limpei as armas antigas, separei os coletes à prova de balas e encontrei especialistas que poderiam me ajudar com isso. A partir desse momento, em 1º de maio de 2014, nasceu um grupo de patriotas, que mais tarde passou a ser chamado de Wagner Group. Estou orgulhoso por ter conseguido defender o direito deles de proteger os interesses do país”, disse o empresário na ocasião.

Após tornar sua existência pública, a organização inaugurou em novembro sua base central de operações em São Petesburgo, a segunda maior cidade da Rússia. Nos últimos meses, o Wagner Group também vem ganhando cada vez mais força devido à atuação decisiva na guerra, onde estima-se ter cerca de 50 mil combatentes ativos.

Recentemente, os mercenários reivindicaram os créditos pela tomada de Soledar, uma cidade estratégica ucraniana abundante em riquezas naturais na região de Donetsk, parcialmente ocupada pelas forças da Rússia. Prigozhin usou o feito do seu grupo de mercenários inclusive para desacreditar o exército russo, um indício de que o respeito à hierarquia no Kremlin possa estar comprometido.

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