Nos últimos dias, cresceu a tensão na tríplice fronteira entre Belarus, Polônia e Lituânia, em meio às acusações de Varsóvia de que Minsk tem empurrado para o país vizinho milhares de imigrantes ilegais que tentam ingressar na União Europeia (UE). Nesta segunda, vídeos publicados na internet mostram uma multidão de pessoas se dirigindo à Polônia, de acordo com a Radio Free Europe.
A situação levou Varsóvia e Vilnius a intensificarem a segurança nas regiões fronteiriças, para onde se dirigem milhares de pessoas provenientes de países do Oriente Médio, do Sudeste Asiático e da África. “Belarus quer causar um grande incidente, de preferência com tiros disparados e vítimas”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores polonês, Piotr Wawrzyk.
Segundo Piotr Muller, porta-voz de Varsóvia, entre 3 mil e 4 mil pessoas se aproximam da fronteira do lado belarusso, o que evidencia o apoio do governo de Alexander Lukashenko a tal movimento de pessoas. Ele disse ainda que esse número tende a aumentar bastante. “Em toda Belarus, há mais de dez mil pessoas prontas para cruzar a fronteira polonesa”, afirmou.
O Ministério da Defesa polonês, por sua vez, distribuiu nesta segunda-feira (8) um vídeo que mostra um grupo de migrantes perto da passagem da fronteira entre as cidades de Bruzhi, em Belarus, e Kuznica, na Polônia.
A Polônia impôs um estado de emergência na região fronteiriça, depois de colocar arame farpado e de aumentar o número de tropas na região. Os legisladores do país aprovaram a construção de um muro orçado em US$ 407 milhões, e o ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, disse que mais de 12 mil soldados estão posicionados para lidar com a situação.
A Lituânia, por sua vez, através do Ministério do Interior, disse que também está enviando tropas à fronteira a fim de lidar com um possível fluxo de migrantes. O governo analisa a possibilidade de igualmente declarara estado de emergência.
Por que isso importa?
Desde agosto a UE estuda medidas emergenciais de lidar com a questão de travessias ilegais desde Belarus rumo ao bloco, bem como formas concretas de assistência aos países afetados na gestão do problema. Para os Estados-Membros, a questão diz respeito tanto aos direitos humanos quanto à segurança continental.
Milhares de refugiados e migrantes chegaram à Lituânia neste ano e estão sendo abrigados em campos temporários em todo o país. A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, acusou Lukashenko, conhecido pela alcunha de “último ditador da Europa“, de “explorar essas pessoas pobres, homens e mulheres”.
A chanceler alemã Angela Merkel e a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, acusaram Lukashenko de lançar um “ataque híbrido” contra o bloco de 27 nações, canalizando migrantes para a Lituânia, Letônia, Estônia e Polônia em retaliação às sanções da UE.
“Concordamos que esta é uma agressão híbrida que usa seres humanos”, disse Merkel após suas conversas em Berlim. Ela disse ainda que trataria o assunto com o presidente russo Vladimir Putin, em Moscou, nesta sexta-feira (20).
Um oficial da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) classificou a situação como “inaceitável”. Segundo ele, a aliança, da qual Polônia, Lituânia e Letônia fazem parte, “está pronta para ajudar ainda mais nossos aliados e para manter a segurança e a proteção na região”.
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