A contagem atualizada de vítimas de um ataque jihadista contra um posto policial na cidade de Inata, em Burkina Faso, no domingo (14), subiu para pelo menos 53 mortos, relatou o Ministério de Segurança do país. As informações são da agência catari Al Jazeera.
Os números preliminares falavam em 19 oficiais mortos, além de um civil. Agora, são confirmadas 49 baixas entre policiais militares e quatro civis vitimados durante a ofensiva, detalhou o porta-voz do governo Ousseni Tamboura na quarta-feira (17). “Felizmente, encontramos 46 policiais vivos”, acrescentou Tamboura.
Há temores de que o resultado do atentado tenha sido ainda mais grave, já que fontes locais relataram que aproximadamente 150 soldados estavam alocados na instalação. Um policial ouvido pela agência Associated Press (AP), sob condição de anonimato, revelou ter visto “muitos corpos” ao sobrevoar a área em um helicóptero das forças locais.
O ataque de domingo foi um dos mais sangrentos desde 2015, ano em que o país passou a sofrer intensamente com a violência de grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI), insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e desencadeou uma crise humanitária.
Protestos pedem renúncia
Centenas de manifestantes foram às ruas da capital do país, Ouagadougou, na terça-feira (16), exigindo a renúncia do presidente Roch Kabore. O sentimento de insegurança da população se justifica no fato de que o líder burkineonse não tem controle sobre as ações de insurgentes ligados à Al-Qaeda e EI, que regularmente atacam as forças locais e civis.
Kabore falou em discurso na quarta-feira (17) que o descontentamento da população com a violência dos grupos extremistas era compreensível. Ele também repercutiu um relatório militar divulgado na sexta-feira (12), que revelou que o destacamento em Inata ficou sem suprimentos por duas semanas e o contingente quase morreu de fome, tendo que matar animais nos arredores da base para sobreviver.
“Não devemos mais ouvir sobre questões alimentares em nosso exército”, disse Kabore, que prometeu uma investigação. “Devemos colocar nossos homens em condições que lhes permitam combater o terrorismo com toda a coragem e determinação necessárias”, disse, acrescentando que dois comandantes do serviço de segurança foram demitidos.
Por que isso importa?
Grupos extremistas armados lançam ataques ao exército e a civis há seis anos em Burkina Faso, desafiando também a presença de milhares de tropas francesas e de forças internacionais.
Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste do país, mas agora estão se alastrando por todo o país. Pelo menos três ataques com explosivos ocorreram no oeste e no sudoeste de Burkina Faso no final de agosto, incluindo o primeiro com uma vítima fatal na região de Cascades.
O pior ataque jihadista já registrado em Burkina Faso ocorreu em 5 de junho, quando insurgentes incendiaram casas e atiraram em civis ao invadirem a vila de Solhan, no norte. Na ocasião, 160 pessoas morreram.
Desde que o conflito teve início, os ataques de ambas organizações extremistas já forçaram mais de 1,4 milhão de pessoas a fugirem de suas casas. Estima-se que 4,8 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar, com 2,9 milhões em situação de insegurança alimentar aguda.
Os grupos humanitários no país calculam que US$ 607 milhões seriam necessários para controlar a situação até o final de 2021. Apenas 24% desse valor já foi arrecadado, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas).
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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