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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Lukashenko acusa Lituânia de despejar migrantes mortos na fronteira do país

O autoritário líder de Belarus, Alexander Lukashenko, acusou nesta segunda-feira (29) a Lituânia de desovar corpos de migrantes na fronteira entre os dois países. A declaração ocorre em um momento que a turbulência na região vivida entre Minsk e União Europeia (UE) tem aumentado. As informações são da agência Associated Press.

A declaração do presidente belarusso foi dada durante uma reunião com a cúpula militar do país, a quem

Lukashenko relatou que guardas de fronteira encontraram cadáveres de dois imigrantes que deixaram na fronteira no fim de semana.

“Eles [lituanos] colocam um cadáver, ou, provavelmente, uma pessoa ainda viva em um saco de dormir e jogam na fronteira. Que abominação!”, recriminou.

O presidente de Belarus Alexander Lukashenko durante compromisso oficial em abril de 2021 (Foto: WikiCommons)

Além disso, o presidente de Belarus alertou que seu governo, fiel aliado russo, ficará ao lado de Vladimir Putin no caso de as autoridades ucranianas atacarem rebeldes pró-Moscou no leste da Ucrânia. Lukashenko também atribui as tensões que envolvem os imigrantes como parte de uma suposta “conspiração ocidental” contra Belarus e Rússia.

Troca de acusações

A alegação de Lukashenko sobre os corpos despejados é rechaçada pelo governo lituano. O Serviço de Guarda de Fronteira do país aponta o dedo de volta, alegando que as autoridades belorussas agridem e até matam migrantes concomitantemente acusam a Lituânia por ferir direitos humanos com tal tratamento.

Para a UE, Lukashenko é responsável por um ataque híbrido ao bloco e, como em um jogo, usa expatriados desesperados como peças – a tensão na tríplice fronteira entre Belarus, Polônia e Lituânia, em meio às acusações de Varsóvia de que Minsk tem empurrado ao território polonês milhares de imigrantes ilegais que tentam ingressar na União. 

Essa, de acordo com o bloco, seria a vingança do líder belarusso pelas sanções impostas ao seu país após sua repressão brutal a manifestações pró-democracia após as eleições em agosto de 2020 que reelegeram

Lukashenko pela sexta vez, resultado contestado por observadores e pela comunidade internacional.

As autoridades belorussas negam as acusações e direcionam ataques contra a UE, usando como argumento o fato de que o bloco não estaria oferecendo passagem segura aos imigrantes, a maioria pessoas provenientes de países do Oriente Médio, do Sudeste Asiático e da África, que estariam enfrentando temperaturas congelantes enquanto as forças dos dois países medem forças.

Por que isso importa?

Desde agosto a UE estuda medidas emergenciais de lidar com a questão de travessias ilegais desde Belarus rumo ao bloco, bem como formas concretas de assistência aos países afetados na gestão do problema. Para os Estados-Membros, a questão diz respeito tanto aos direitos humanos quanto à segurança continental.

Milhares de refugiados e migrantes chegaram à Lituânia neste ano e estão sendo abrigados em campos temporários em todo o país. A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, acusou Lukashenko, conhecido pela alcunha de “último ditador da Europa“, de “explorar essas pessoas pobres, homens e mulheres”.

A chanceler alemã Angela Merkel e a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, acusaram Lukashenko de lançar um “ataque híbrido” contra o bloco de 27 nações, canalizando migrantes para a Lituânia, Letônia, Estônia e Polônia em retaliação às sanções da UE.

“Concordamos que esta é uma agressão híbrida que usa seres humanos”, disse Merkel após suas conversas em Berlim. Ela disse ainda que trataria o assunto com o presidente russo Vladimir Putin, em Moscou, nesta sexta-feira (20).

Um oficial da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) classificou a situação como “inaceitável”. Segundo ele, a aliança, da qual Polônia, Lituânia e Letônia fazem parte, “está pronta para ajudar ainda mais nossos aliados e para manter a segurança e a proteção na região”.

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