Um ataque empreendido pelo Estado Islâmico (EI), no sábado (27), matou cinco Peshmerga, soldados das forças armadas do Curdistão iraquiano. A ação, que ainda deixou mais quatro militares feridos, ocorreu na província de Dyala, no norte do Iraque, região controlada pelos curdos. As informações são da rede local Rudaw.
Um veículo que conduzia os soldados foi atingido por uma bomba durante a manhã, no subdistrito de Kolajo, segundo fontes militares. Depois da explosão que matou os soldados, os extremistas atacaram um posto dos Peshmerga, deixando quatro militares feridos.
“O aumento dos ataques do EI envia uma mensagem perigosa e séria e traz uma grave ameaça à região. Portanto, uma maior cooperação entre as forças Peshmerga e as forças de segurança iraquianas, com o apoio da coalizão global, é uma necessidade urgente”, disse o presidente da região do Curdistão, Nechirvan Barzani, no domingo (28).
Oficiais Peshmerga atribuem a escalada da violência por parte do EI à falta de coordenação com as forças iraquianas. No início do ano houve um esforço combinado para que os dois grupos militares atuassem em áreas disputadas, mas a aliança não evoluiu.
Em setembro, um relatório do Pentágono norte-americano afirmou que as brigadas de coalizão “não funcionam de maneira ideal devido à falta de clareza das funções e responsabilidades dos oficiais”.
Violência na Caxemira
O jornalista indiano Aditya Raj Kaul revelou no domingo (28) ter recebido um e-mail com ameaças da facção do EI na Caxemira. “À meia-noite, recebi um novo e-mail da conta ‘EI Caxemira’ assumindo a responsabilidade pela explosão de Pathankot, fora do acampamento do exército indiano, e novamente me ameaçando. Eu compartilhei detalhes com a polícia e agências. Sem dúvida, isso é do Paquistão”, disse ele no Twitter.
At midnight I received a fresh email from ‘ISIS Kashmir’ email account taking responsibility for Pathankot blast outside the Indian Army camp and again issuing threat against me. I’ve shared details with Police and agencies. No doubt this is from Pakistan. @AmitShah @BhallaAjay26 pic.twitter.com/hmbII9gJ8w
— Aditya Raj Kaul (@AdityaRajKaul) November 28, 2021
Na mensagem recebida pelo jornalista e compartilhada através do Twitter, o grupo jihadista assume a autoria de um atentado na Caxemira e faz a ameaça a Kaul: “Faça qualquer coisa, mas você está em nossa lista de alvos. Você não pode se esconder em [Nova] Délhi por muito tempo”.
O jornalista tem se manifestado contra o separatismo e o terrorismo na Caxemira, o que o transformou em alvo dos extremistas islâmicos da região.
Por que isso importa?
Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo e raramente contra civis. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista no país.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria, onde ainda mantem cerca de 10 mil combatentes ativos. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.
Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.
Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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