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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Portugal acaba com uso de carvão na produção de eletricidade

Portugal anunciou no sábado (20) que deu fim ao uso de carvão na produção de eletricidade, utilização que é tida como a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa. Com o encerramento da atividade da usina de Pego, o país se tornou o quarto da União Europeia (UE) a parar de queimar o mineral para gerar energia, unindo-se a Bélgica, Áustria e Suécia. As informações são da agência Associated Press (AP).

Para a associação ambientalista Zero, o dia do anúncio passa a ser uma “data histórica”. Em nota, a entidade lembrou que “durante muitos anos, a Central Termoelétrica do Pego foi a segunda maior responsável pelas emissões de dióxido de carbono em Portugal, depois da Central Termoelétrica de Sines”, fechada em janeiro deste ano.

Portugal não tem carvão, petróleo ou gás, insumos todos vindos de fora. O país na península ibérica tem investido pesado na energia verde nas últimas décadas. Segundo Kathrin Gutmann, diretora de campanha da Europe Beyond Coal, a estimativa é que o carvão pare de ser usado no setor até 2030 na Europa.

Produção de energia por queima de carvão na Central do Pego chegou ao fim no sábado (Foto: Twitter/Reprodução)

“A terrível economia do carvão e o desejo público de ação climática estão conduzindo a uma eliminação cada vez mais rápida em toda a Europa”, declarou, acrescentando que o próximo desafio será “garantir que as concessionárias não cometam o erro de substituir o carvão por gás fóssil ou biomassa insustentável”, disse Gutmann em um comunicado.

Segundo ministro do Ambiente de Portugal, João Pedro Matos Fernandes, há propostas já em licitação para uma nova utilização da Usina de Pego, que incluem biomassa, energia solar e produção de veículos elétricos. As propostas devem ser apresentadas até o começo de 2022.

Francisco Ferreira, chefe da associação Zero, não tem bons olhos para a medida. “A libertação da nossa maior fonte de gases com efeito de estufa marca um dia importante para Portugal. Mas azeda a perspectiva de a fábrica ser convertida para queimar florestas”, disse ele, que alega que livrar-se do carvão “apenas para mudar para o próximo pior combustível claramente não é uma resposta”.

A redução do uso de carvão no planeta e o combate ao aquecimento global foram dois dos principais temas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), cúpula climática realizada neste mês em Glasgow, na Escócia.

Por que isso importa?

No ano passado, a emissão de gases de efeito estufa no planeta atingiu um novo recorde, superando a média do período entre 2011 e 2020. E a tendência de alta continua em 2021, de acordo com um novo relatório publicado em outubro pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), a agência meteorológica da ONU (Organização das Nações Unidas).

O Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM levou uma “mensagem científica radical” para as negociações sobre mudanças climáticas discutidas na COP26, em Glasgow, disse Petteri Taalas, chefe da agência da ONU.

“No atual ritmo de aumento das concentrações de gases de efeito estufa, veremos um aumento de temperatura até o final deste século muito acima das metas do Acordo de Paris de 1,5º C a 2º C acima dos níveis pré-industriais”, disse Taalas. “Estamos muito fora do caminho.”

A concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2020 foi de 149% acima do nível pré-industrial; metano, 262%; e óxido nitroso, 123%. A base de comparação é o ano 1750, quando as atividades humanas começaram a alterar o equilíbrio natural da Terra.

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