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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

EUA repudiam teste de míssil antissatélite russo e citam riscos à tripulação da ISS

Após a Rússia ter destruído um satélite da era soviética durante um teste de míssil na segunda-feira (15), os EUA classificaram o exercício militar como “perigoso e irresponsável”, argumentando que teria colocado em risco a vida da tripulação a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, da sigla em inglês). As informações são da rede BBC.

A explosão espalhou destroços no espaço, fragmentos que causaram preocupação e obrigaram os astronautas – dois deles russos – a se abrigar em cápsulas. A ISS tem atualmente sete tripulantes a bordo, incluindo, ainda, quatro americanos e um alemão. A estação orbita a uma altitude de cerca de 420 km.

ISS registrada de dentro da nave espacial Soyuz MS-08, que em 2018 levou um cosmonauta russo e dois astronautas norte-americanos à Estação Espacial (Foto: Roscosmos/Flickr)

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, afirmou que o uso de um míssil anti-satélite de ascensão direta, que teve como alvo um antigo satélite espião Kosmos-1408, do período da Guerra Fria, foi “imprudente”.

“O teste gerou até agora mais de 1.500 fragmentos orbitais rastreáveis ​​e centenas de milhares de fragmentos orbitais menores que agora ameaçam os interesses de todas as nações”, disse Price.

A Rússia, por meio de sua agência espacial, a Roscosmos, minimizou o incidente em sua conta no Twitter.

“A órbita do objeto, que forçou a tripulação hoje a se deslocar para a espaçonave de acordo com os procedimentos padrão, se afastou da órbita da ISS. A estação está na zona verde”.

A LeoLabs, uma empresa especializada em rastrear sucata espacial, afirmou que detectou vários objetos onde o satélite russo destruído deveria estar.

O Reino Unido também condenou o ato. “O teste mostra um desprezo total pela segurança, proteção e sustentabilidade do espaço”, declarou o secretário de Defesa Ben Wallace, acrescentando que o ato “mostra um desprezo total pela segurança, proteção e sustentabilidade do espaço, colocando satélites e voos espaciais humanos em risco por muitos anos”.

Rússia alega que EUA testa armas espaciais

O Ministério da Defesa russo também se manifestou nesta terça-feira (16), e não poupou críticas aos EUA, conforme relatou matéria do jornal independente The Moscow Times. Em nota, o órgão governamental disse que Rússia rejeita as acusações de Washington de que teria testado uma arma antissatélite no espaço sideral como “propaganda”, e que isso seria uma campanha “russofóbica”.

Os militares russos igualmente acusam os EUA de estarem testando suas próprias armas espaciais.

“[O Departamento de Defesa dos EUA] está desenvolvendo e testando ativamente, sem qualquer notificação, vários tipos de armas avançadas de ataque e combate em órbita”, disse a agência estatal de notícias RIA Novosti, citando o Ministério da Defesa russo.

Por que isso importa?

O programa espacial da Rússia tem se afundado em fraudes. Entre elas, um esquema de desvio de milhões de dólares durante a construção do novo cosmódromo (base de lançamento espacial) de Vostochny, no Extremo Oriente, instalação que os russos projetavam como maior trunfo da Roscosmos .

O próprio Kremlin estima que 11 bilhões de rublos (cerca de R$ 780 milhões), mais de 10% do valor destinado a Vostochny, foram roubados. Várias autoridades envolvidas no projeto foram presas.

Em meio ao escândalos, e sob a alegação de proteger os interesses nacionais, a FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês) organizou uma lista contendo informações militares proibidas para estrangeiros, que inclui dados da Roscosmos.

A lista contém 61 itens, incluindo informações confidenciais sobre problemas que “prejudicam o desenvolvimento” da agência, programas-alvo, financiamentos e prazos, além de dados sobre as condições técnicas e prontidão dos cosmódromos e outras instalações espaciais.

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