Após se estender por mais um dia, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP26, que contou com a participação de 197 países, chegou a um acordo final. Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o acordo é um passo importante, porém insuficiente.
No fechamento do evento, o português afirmou que as nações precisam entrar em “ritmo de emergência”, eliminando subsídios para todos os combustíveis fósseis. Ele destacou a necessidade de fixar um preço para o carbono, proteger comunidades vulneráveis e alcançar o financiamento de US$ 100 bilhões para as ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Segundo ele, porém, esses objetivos não foram atingidos na Conferência.
Guterres deixou seu posicionamento registrado em um post no Twitter. “O resultado da # COP26 é um compromisso, refletindo os interesses, contradições e estado da vontade política no mundo de hoje. É uma etapa importante, mas não é suficiente. É hora de entrar em modo de emergência. A batalha climática é a luta de nossas vidas e essa luta deve ser vencida”.
The #COP26 outcome is a compromise, reflecting the interests, contradictions & state of political will in the world today.
— António Guterres (@antonioguterres) November 13, 2021
It's an important step, but it's not enough.
It's time to go into emergency mode.
The climate battle is the fight of our lives & that fight must be won. pic.twitter.com/NluZWgOJ9p
Documento enfraquecido
Uma emenda de última hora solicitada pela China e Índia modificou o texto preliminar sobre a redução do uso de carvão. Os países pediram que fosse documentado “redução gradual” do recurso no lugar de “eliminação”, como na proposta inicial, o que enfraqueceu consideravelmente o impacto do acordo.
Sobre o financiamento para ação climática, o texto enfatiza a necessidade de levantar os valores “de todas as fontes para atingir o nível necessário e chegar aos objetivos do Acordo de Paris, incluindo um aumento significativo do apoio para países em desenvolvimento, além de US$ 100 bilhões por ano”.
O acordo pede que os governos antecipem os prazos de seus planos de redução de emissões e convida os 197 países participantes a reportar o progresso sobre as ações climáticas no evento do próximo ano, na COP27, que vai acontecer no Egito.
Repercussão
No início da última plenária de avaliação, muitos países lamentaram que o pacote de decisões não será suficiente. Alguns declararam estar desapontados, mas, no geral, reconheceram que o texto era equilibrado. Países como Nigéria, Palau, Filipinas, Chile e Turquia disseram que, embora haja imperfeições, apoiavam o texto.
Os representantes de Maldivas e Nova Zelândia foram menos otimistas e afirmaram que o resultado foi o “menos pior”, embora não esteja em linha com o progresso necessário.
O enviado dos Estados Unidos, John Kerry, disse que o texto “é uma declaração poderosa” e garantiu aos representantes que o país se engajará construtivamente em um diálogo sobre perdas e danos bem como sobre adaptação, duas das questões que mais geram ambiguidades.
Principais conquistas
Entre os acordos firmados pelos líderes na COP26, mais de 120 países, representando cerca de 90% das florestas do mundo, se comprometeram a conter e reverter o desmatamento até 2030. Houve também uma promessa sobre a redução de metano, liderada pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), com mais de 100 países concordando em reduzir as emissões até 2030.
Enquanto isso, mais de 40 países, incluindo grandes usuários de carvão, como Polônia, Vietnã e Chile, concordaram em abandonar o minério, um dos principais geradores de emissões de carbono.
Cerca de 500 empresas de serviços financeiros globais concordaram em levantar US$ 130 trilhões – cerca de 40% dos ativos financeiros mundiais – para alcançar as metas estabelecidas no Acordo de Paris, incluindo limitar o aquecimento global a 1,5º C.
Outro compromisso, esse firmado entre Estados Unidos e China, prevê o aumento da cooperação climática entre as nações na próxima década. Os dois governos concordaram em tomar medidas para reduzir emissões de metano e carbono, fazendo transição para adotar energia limpa de olho na meta de 1,5º C.
Com relação ao transporte, governos e empresas assinaram compromisso para encerrar a venda de motores de combustão interna até 2035 nos principais mercados, e em 2040 em todo o mundo. Pelo menos 13 nações também se comprometeram a acabar com a venda de veículos pesados movidos a combustíveis fósseis até 2040.
Por fim, países como Irlanda, França, Dinamarca e Costa Rica lançaram aliança inédita para definir uma data final para a exploração e extração nacional de petróleo e gás.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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