Caso realize um ataque direto contra a Ucrânia, a Rússia deve se preparar para sofrer muitas baixas, vez que as forças armadas ucranianas estão muito mais fortes hoje do que em 2014, quando da anexação da Crimeia por Moscou. A opinião é de Anka Feldhusen, embaixadora da Alemanha em Kiev, segundo informou o site UkrInform.
“Tem havido muitas opiniões de que a Rússia poderia fortalecer a agressão. Tínhamos tantos temores em abril, mas nada aconteceu. Também não posso dizer se a Rússia tem essas intenções. Mas as tropas ucranianas hoje são muito mais fortes do que eram em 2014. A Rússia sofreria enormes perdas”, afirmou a diplomata.
Feldhusen afirma que parte de sua convicção deve-se ao fato de que ela estava na Ucrânia quando houve a invasão da Crimeia. “Talvez eu esteja um pouco mais tranquila somente porque já vi isso antes”, disse ela.
Ainda de acordo com a embaixadora, outra diferença fundamental em relação ao evento de sete anos atrás é o fator surpresa a favor de Moscou, que agora não existiria. “Todos nós, tanto na Ucrânia como em conjunto com os nossos parceiros, estamos estudado formas de evitar isso, porque ninguém quer uma guerra total. Um bom resultado seria a coordenação entre os parceiros para dizer claramente à Rússia o que acontecerá se outra guerra for desencadeada”.
Por fim, ela deixou claro que o melhor argumento para demover os russos da ideia de uma invasão é a imposição de sanções internacionais. “Você conhece todas essas possibilidades, já falamos sobre isso há sete anos. Principalmente na esfera financeira, ainda há passos que podem ser dados”.
Possível invasão
As observações de Feldhusen surgem em meio à escalada da tensão entre Kiev e Moscou. Os EUA têm monitorado a região da fronteira Rússia-Ucrânia, e dados de inteligência apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiria um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação do presidente russo Vladimir Putin.
Conforme o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam a Ucrânia pela Crimeia e por Belarus, com potencialmente cem mil soldados. Duas pessoas em Washington que tiveram acesso às informações, cujas identidades são mantidas em sigilo, disseram que cerca de metade desse efetivo já está em posição. A Ucrânia, por sua vez, fala em 90 mil tropas da Rússia posicionadas em zonas fronteiriças.
Por que isso importa?
As relações entre Ucrânia e Rússia estão estremecidas desde a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.
O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.
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