Foi anunciada nesta quinta-feira (18) no Reino Unido a abertura de um inquérito público para investigar a morte de uma mulher por novichok, após a tentativa de assassinato do ex-agente duplo russo Sergei Skripal, em 2018. As informações são da agência Reuters.
Dawn Sturgess morreu na cidade de Amesbury em julho do mesmo ano pela ação da substância neurotóxica, uma velha conhecida da dissidência do regime que ocupa o Kremlin. Ela foi exposta à substância fatal através de um frasco de perfume falsificado encontrado pelo seu companheiro, que a polícia acredita ter sido usado por agentes da inteligência russa para contrabandear o veneno para o país.
Skripal era um agente duplo e teria vendido segredos militares russos a autoridades britânicas. A morte dele em Salisbury, na Inglaterra, também por arma química, levou a uma crise diplomática entre Moscou e Londres que culminou com as expulsões recíprocas de diplomatas pelas duas nações. A filha dele, Yulia, e um agente de polícia britânico, Nick Bailey, também foram contaminados, mas conseguiram se recuperar.
Inicialmente, as acusações recaíram sobre a dupla de coronéis russos Alexander Mishkin e Anatoly Chepiga, ambos membros da Unidade 29155 do GRU, o Departamento Central de Inteligência da Rússia. Depois, foi confirmada a participação de um terceiro agente russo, Denis Sergeev. Nenhum processo formal foi aberto contra eles pela morte de Sturgess.
“Este é um passo importante para garantir que a família de Dawn Sturgess obtenha as respostas de que precisam”, disse a ministra do Interior Priti Patel em um comunicado anunciando o inquérito.
O Reino Unido afirma que assassinato de Skripal foi ordenado por figuras do alto escalão do estado russo, incidente que teve como consequência as maiores expulsões diplomáticas entre o Ocidente e o Oriente desde a Guerra Fria.
A Rússia negou qualquer responsabilidade, classificando as acusações como “propaganda anti-russa”.
Outros casos
Em 2016, outro inquérito público britânico concluiu que o governo da Rússia foi responsável pelo envenenamento e consequente morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, ocorrido em novembro de 2006, em Londres. Ele adoeceu repentinamente e foi internado na capital. Os exames posteriormente apontaram envenenamento por polônio, um elemento radioativo altamente tóxico. Ele morreu no dia 23 daquele mesmo mês.
O político de oposição Alexei Navalny também foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria. Duas, na verdade. Agentes russos teriam dado uma segunda dose de veneno ao principal opositor do Kremlin antes de ele ser enviado para recuperação na Alemanha, onde passou cinco meses.
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