Nos últimos cinco anos, a pobreza, a insegurança alimentar, os choques climáticos e a violência empurraram, em média, cerca de 378 mil centro-americanos por ano para os Estados Unidos. As informações constam de um relatório lançado na terça-feira (23) pela agência de ajuda alimentar da ONU (Organização das Nações Unidas).
A publicação se baseia em uma pesquisa exclusiva com milhares de famílias centro-americanas em El Salvador, Guatemala e Honduras. Segundo o documento, um alto preço foi pago em custos humanos e econômicos, incluindo US$ 2,2 bilhões anuais em viagens regulares e irregulares.
Em apenas dois anos, a porcentagem de pessoas que considerou a migração internacional aumentou mais de cinco vezes, saltando de 8% em 2019 para 43% em 2021. No entanto, apenas 3% dessas pessoas haviam feito planos concretos. A separação da família e os altos custos associados à migração foram citados como obstáculos.
A maioria dos migrantes, 55%, contratou um contrabandista a um custo médio de US$ 7,5 mil por pessoa, enquanto a passagem pelos canais legais custou US$ 4,5 mil. Para 89% das pessoas, os Estados Unidos eram o país de destino pretendido.
Como muitas famílias preferem ficar em casa, o PMA (Programa Mundial de Alimentos) apoia meios de vida sustentáveis e oferecendo esperança e oportunidade às pessoas em suas próprias aldeias. “Mas precisamos de novos fundos para alcançar os milhões que planejam partir, caso não recebam ajuda em breve”, disse o diretor executivo do PMA, David Beasley.
De acordo com o relatório, pessoas com insegurança alimentar têm três vezes mais chances de fazer planos concretos para migrar. A insegurança alimentar tem visto um aumento dramático na América Central, à medida que as consequências econômicas da pandemia Covid-19 e a pobreza continuam a dificultar a alimentação das famílias.
No mês passado, o PMA estima que o número de pessoas com insegurança alimentar em El Salvador, Guatemala e Honduras triplicou, de 2,2 milhões para 6,4 milhões em 2019. Os fluxos migratórios também foram impactados por violência e insegurança, assim como por choques climáticos, sobretudo as fortes secas no Corredor Seco da América Central e as tempestades mais frequentes e mais fortes no Atlântico.
O relatório também apresentou aos governos um plano para enfrentar o problema. A expansão dos programas nacionais de proteção social pode ajudar a aliviar a pobreza e erradicar a fome das populações em risco.
Por exemplo, as transferências baseadas em dinheiro são uma tábua de salvação para as pessoas necessitadas, permitindo que as famílias atendam às suas necessidades essenciais. Os programas de alimentação escolar também apoiam a agricultura local e representam economia para famílias pobres.
O relatório recomendou iniciativas de desenvolvimento econômico e investimento adaptadas às necessidades da comunidade, incluindo programas agrícolas para construir resiliência aos choques climáticos, diversificar plantações e aumentar a produção e programas de treinamento profissional para jovens e mulheres em áreas rurais e urbanas. Criar incentivos para que a diáspora investisse em obras públicas nas comunidades locais é outra proposta.
O relatório também recomendou que os Estados Unidos e outros países de destino de migrantes expandissem as vias legais para os centro-americanos, por exemplo, aumentando o acesso a vistos de trabalho temporário.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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