Guojie Zhang, um professor chinês da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, conduziu uma pesquisa genética em parceria com o exército da China sem informar a instituição de ensino. Embora negue a finalidade militar do estudo, os resultados podem vir a beneficiar as forças armadas chinesas, segundo informações da agência Reuters.
O cientista também é funcionário da BGI Group, gigante chinesa da área de sequenciamento do genoma que financia uma série de pesquisadores e tem sua sede europeia na Universidade de Copenhague. No estudo em questão, ele teve a colaboração de um adulto e trabalhou em parceria com um laboratório do exército da China.
O estudo consiste em expor macacos às condições de altitudes elevadas para analisar a reação do cérebro dos animais e, assim, desenvolver uma droga capaz de evitar danos cerebrais. Os resultados pdoeriam vir a ser uteis aos militares do PLA (Exército de Libertação do Povo, da sigla em inglês) que atuam em grandes altitudes, como na região do Tibete.
Segundo Zhang, a universidade não sabia da participação do exército porque, pelas normas da instituição, os pesquisadores não são obrigados a informar sobre evetuais coautores de trabalhos. A BGI, por sua vez, afirmou que o “estudo não foi realizado com propósitos militares”.
Os reultados do estudo foram publicados em 2020 pelo cientista em coautoria com um major-general do exército chinês. A universidade afirmou que, no ato da publicação, “não estava familiarizada com o fato de que o artigo também incluiu autores de instituições de pesquisa militares chinesas”, disse Niels Kroer, chefe do departamento de biologia.
Em maio deste ano, a inteligência dinamarquesa fez um alerta genérico a universidades locais sobre os riscos de envolvimento involuntário em pesquisas militares estrangeiras.
Questionado sobre o fato, o Ministério das Relações Exteriores da China cobrou das instituições dinamarquesas que “abandonem o preconceito ideológico e acabem com as acusações e difamações infundadas”. Afirmou, ainda, que a prioridade deveria ser “acumular energia positiva no desenvolvimento de relações bilaterais e cooperação prática”.
Por que isso importa?
Os Estados Unidos têm manifestado preocupação com a fusão de tecnologias civis e militares pela China, acusada de se apropriar de estudos e tecnologias desenvolvidos por pesquisadores a serviço de universidades de todo o mundo. Inclusive, dois senadores norte-americanos chegaram a pedir que a BGI fosse sancionada pelo governo, por seu envolvimento com pesquisas de fim militar.
No final de outubro deste ano, oficiais de inteligência norte-americanos advertiram que a China estaria coletando dados genéticos em todo planeta para criar o que pode vir a ser o maior banco de dados biológico do mundo.
O Centro Nacional de Contra-Inteligência e Segurança (NCSC, da sigla em inglês) relatou em um artigo que, diante da iminente situação, os EUA deveriam aperfeiçoar a proteção de tecnologias críticas, incluindo inteligência artificial, computação quântica, semicondutores e outras tecnologias relacionadas à bioeconomia.
“A China e outros países estão tentando dominar essas tecnologias e estão usando meios legais e ilegais para adquirir know-how americano”, disse Michael Orlando, diretor interino do NCSC.
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