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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Presidente da Ucrânia denúncia plano para tirá-lo do governo no início de dezembro

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou a existência de um plano para derrubá-lo do poder. Segundo ele, a inteligência ucraniana teve acesso a gravações de áudio que indicam o possível golpe de Estado, programado para esta semana por “representantes” russos. As informações são da rede britânica BBC.

“Recebi informações de que um golpe de Estado acontecerá em nosso país entre 1º e 2 de dezembro”, disse Zelensky durante uma coletiva de imprensa na última sexta-feira (26), sem, no entanto, citar o Kremlin como responsável pelo planejamento. Questionado especificamente sobre a eventual participação da Rússia no plano, ele se esquivou: “Sinto muito, não posso falar sobre isso”.

Embora não tenha citado Moscou, Zelensky acusou o magnata Rinat Akhmetov, o homem mais rico da Ucrânia, de estar “sendo arrastado para a guerra contra o Estado ucraniano“. O empresário por sua vez, rejeitou as alegações do presidente e se disse “indignado com a disseminação de tal mentira”.

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia (Foto: Wikimedia Commons)

“Minha posição era e será inequívoca: uma Ucrânia independente, democrática e integral com a Crimeia e minha Donbass nativa. Minhas ações confirmam isso”, disse Akhmetov, natural da região no leste da Ucrânia que se declarou independente do resto do país e conta com apoio russo para sustentar as reivindicações separatistas.

Embora o presidente ucraniano não tenha feito qualquer referência ao governo da Rússia nas acusações de golpe, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se manifestou logo após a coletiva de Zelensky. E afirmou que a Rússia “jamais se envolveria em algo assim”.

Possível invasão

As alegações do líder ucraniano ocorrem em meio a uma escalada das tensões entre Kiev e Moscou. Os EUA têm monitorado a região da fronteira Rússia-Ucrânia, e dados de inteligência apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiria um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação do presidente russo Vladimir Putin.

Conforme o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam a Ucrânia pela Crimeia e por Belarus, com potencialmente cem mil soldados. Duas pessoas em Washington que tiveram acesso às informações, cujas identidades são mantidas em sigilo, disseram que cerca de metade desse efetivo já está em posição. A Ucrânia, por sua vez, fala em 90 mil tropas da Rússia posicionadas em zonas fronteiriças.

Por que isso importa?

As relações entre Ucrânia e Rússia estão estremecidas desde a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.

Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.

Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.

O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.

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