O mundo enfrenta atualmente níveis “catastróficos sem precedentes” de insegurança alimentar aguda. A afirmação foi feita durante um evento coordenado pela ONU, na segunda-feira (4), no qual o órgão cobrou uma ação internacional a fim de arrecadar os US$ 6,6 bilhões necessários para apoiar 41 milhões de pessoas que correm o risco de passar fome.
Atualmente, quase meio milhão de pessoas passam por condições semelhantes à fome (IPC fase 5, de acordo com a classificação oficial) em quatro países: Etiópia, Madagascar, Sudão do Sul e Iêmen. Nos últimos meses, as populações vulneráveis em Burkina Faso e Nigéria também foram submetidas às mesmas condições.
Além disso, 41 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam níveis emergenciais de insegurança alimentar (IPC 4), representando um aumento de 50% em apenas dois anos.
Outros milhões estão passando por níveis de crise de insegurança alimentar aguda (IPC 3) e correm risco real de rápida deterioração.
Segundo, o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, “quando a fome finalmente abre a porta, ela se torna viral de uma forma que talvez não ocorra com outras ameaças”. Para ele, a situação é resultado de “uma mistura tóxica de declínio econômico, mudança climática, a pandemia de Covid-19 e, claro, o mais importante, conflitos que impulsionam este terrível flagelo, com mulheres e meninas, como sempre, particularmente vulneráveis”.
“As mulheres nos falam das medidas desesperadas que devem tomar para encontrar comida para alimentar suas famílias, incluindo a troca de sexo por comida, o recurso ao casamento precoce e infantil, como ouvi quando estive na Síria recentemente”, lembrou ele.
A ONU conseguiu intensificar as operações humanitárias em países de alto risco, como Sudão do Sul, Etiópia, Burkina Faso e Iêmen, onde cerca de 10 milhões de pessoas sã auxiliadas por mês. Porém, Griffiths destaca que é hora de redobrar os esforços e mostrar que o mundo pode coletivamente enfrentar este desafio. “Há tempo, não muito, e precisamos que aconteça”, disse ele.
Para David Beasley, diretor executivo do PMA (Programa Mundial de Alimentos), é necessário passar uma mensagem global imediatamente, pois, na visão dele, os líderes mundiais “responderão” quando “souberem qual é a realidade”. Ele destacou que há US$ 400 trilhões de riqueza no mundo hoje e que, no auge da pandemia, os bilionários tinham em média um aumento de patrimônio líquido de US$ 5,2 bilhões por dia.
“O fato de estarmos sentados aqui implorando por US$ 6,6 bilhões para salvar 41 milhões de pessoas e evitar que as nações se desestabilizem e evitar a migração em massa Não sei o que diabos estou perdendo. É uma vergonha estarmos tendo essa conversa”, disse Beasley.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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