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segunda-feira, 8 de março de 2021

Governo russo minimiza crise econômica e levanta suspeitas de economistas

A despeito de evidências de que a Rússia estaria com dificuldades para superar a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, o governo tem se esforçado para apresentar uma visão otimista de sua recuperação.

Neste domingo (7), o Ministério da Economia do país previu um novo aumento da inflação até o final do mês. Na sequência, um anúncio do governo russo veiculado pela Reuters afirmava que a inflação anual deve chegar ao pico em março, mas depois cairá gradualmente.

Conforme o ministério, a inflação mensal desacelerou de 0,5% para 0,6% em março, ante 0,8% em fevereiro. No mês passado, o índice chegou a 5,7% – acima da meta de 4% do Banco Central.

Rússia pode estar escondendo problemas econômicos
Homem passa pelo lado de fora dos muros do Kremlin, em Moscou, março de 2018 (Foto: Divulgação/Коля Саныч)

A agência estatal Rosstat também aponta ótimas expectativas para o emprego e o consumo e ganhos reais nos salários em 2021. A rápida melhora desses índices, contudo, gerou questionamentos a respeito da precisão dos dados da instituição.

A renda real do país caiu 3,4% no ano passado – a quinta queda consecutiva em sete anos. Em 2020, a população russa média pôde gastar 11% a menos do que em 2013. Desde então, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 30%, apontou o diário britânico “Financial Times”.

A situação econômica dá combustível para protestos contrários ao Kremlin, que ocorrem em toda a Rússia desde a prisão do político de oposição Alexei Navalny, em janeiro. Isso em meio às acusações do oposicionista de que o presidente Vladimir Putin teria um palácio de US$ 1,3 bilhão.

A população pede ainda menos corrupção e o retorno do plano de investimento de US$ 360 bilhões para comunidades pobres. Moscou abandonou o projeto logo após os primeiros casos de Covid-19 no país.

Queda de consumo

Ao mesmo tempo, porém, Putin dobrou a proteção do fundo soberano nacional de US$ 183 bilhões como uma “proteção” contra choques globais em potencial.

Já o consumo das famílias russas caiu 8,6% em 2020 “Para 90% dos russos, uma escova de banheiro custa mais do que ganham em um mês”, disse o economista da escola francesa Sciences Po, Sergei Guriev.

O salário mínimo do país é inferior a 22 mil rublos – o equivalente a R$ 1,6 mil. São 19,6 milhões de russos abaixo da linha da pobreza, o equivalente a 13% da população.

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