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quinta-feira, 25 de março de 2021

Com Sputnik V e Sinopharm, Sérvia tem ‘diplomacia de vacinas’ própria nos Bálcãs

Exceção nos Bálcãs, a Sérvia já conta com 1,5 milhão de doses da chinesa Sinopharm e 300 mil da russa Sputnik V – aceitas pelo presidente Aleksandar Vucic, na contramão de outros países europeus. O país também recebeu 150 mil vacinas da AstraZeneca e 100 mil da BioNTech/Pfizer e agora inicia uma espécie de “diplomacia das vacinas”.

Os primeiros a receber doses vindas da Sérvia serão os vizinhos Macedônia do Norte e Bósnia e Herzegovina. Belgrado também lançou um programa de vacinação de seus cidadãos que vivem no Kosovo, território em disputa autodeclarado independente em 2008.

Os vizinhos dos sérvios nos Bálcãs declararam que não aceitariam vacinas chinesas ou russas, não aprovadas pelo regulador de medicamentos da UE (União Europeia). No momento, estão no final da fila para receber as doses do bloco europeu – que tem prioridades mais urgentes, como atender os programas de vacinação da França e da Alemanha.

Sérvia angaria 2 milhões de doses à Covid-19 e inicia 'diplomacia de vacinas'
O presidente Aleksandar Vucic recebe pessoalmente as doses da AstraZeneca na Sérvia em 21 de fevereiro de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter Aleksandar Vucic)

Apesar de pleitear um assento na UE, o sérvio Vucic classificou a solidariedade europeia como um “conto de fadas” depois que o bloco proibiu a exportação de equipamentos médicos para fora de suas fronteiras.

O que se seguiu foi uma disputa pelas atenções do governo em Belgrado. Beijing e Moscou rapidamente enviaram EPIs (equipamentos de proteção individual) à Sérvia e a UE reverteu a decisão e alocou US$ 3,3 bilhões em assistência financeira aos Bálcãs – auxílio que passou quase despercebido em meio aos elogios de Vucic a russos e chineses.

A campanha de vacinação contra a Covid-19 da Sérvia, que tem sete milhões de habitantes, tem tido sucesso até agora. O país está atrás do Reino Unido, mas à frente dos principais Estados-membros da UE em número de vacinados por mil habitantes. Com as doses em mãos, Belgrado já se apresenta como um “salva-vidas” aos vizinhos que aguardam os imunizantes.

Kosovo e Bósnia e Herzegovina, por exemplo, tentam reduzir os contágios enquanto apresentam os maiores números de casos a cada 100 mil habitantes da Europa. Ambos deverão esperar meses para ter acesso à vacina.

A carteira de vacinas dos Bálcãs

No dia 11, Vucic anunciou a construção de uma fábrica para a produção de vacinas Sinopharm no país. A estrutura será financiada pela China e Emirados Árabes Unidos e tem sua inauguração prevista para outubro. A partir daí, o país deve se tornar o principal fornecedor de vacinas aos Balcãs.

Em consequência, Montenegro e Macedônia do Norte já assinaram acordos para adquirir as vacinas da Sinopharm e Sputnik. Outros países da UE, como Hungria, Croácia e Itália, também devem abrir suas fronteiras às doses chinesas. No dia 15, Roma concordou em produzir a Sputnik V no país.

Sem as doses que já chegaram, a Sérvia ainda estaria aguardando as vacinas da iniciativa Covax, da OMS (Organização Mundial da Saúde). “Agradecerei à UE quando as vacinas chegarem, mas posso dizer que trabalhamos bem sem eles”, disse Vucic a jornalistas, em registro do think tank CSIS (Centro de Estudos Internacionais Estratégicos).

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