Líderes da UE (União Europeia) já discutem um novo controle de exportação de vacinas contra a Covid-19. Em cúpula virtual, nesta quinta (25), o bloco realçou que deve “agir com cautela” para evitar ameaças às cadeias de fornecimento, apontou o diário norte-americano “The Wall Street Journal”.
Um dos critérios propostos pela Comissão Europeia é o de transação recíproca – ingredientes ou vacinas sairiam do continente em troca de outros insumos do destinatário. Se implantada, a medida deve restringir a saída das doses, já que poucas nações têm contrapartida.
Outro critério seria a a situação epidemiológica em geral ou quão avançado o país está na vacinação da própria população. As restrições poderiam ser implantadas também em empresas, como a Pfizer e a BioNTech.
A disputa é o mais recente capítulo na corrida por vacinas do bloco europeu. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apontou que foram enviadas 77 milhões de doses do imunizante ao exterior. Enquanto isso, 88 milhões foram distribuídos pelos 27 países da UE.
Com o lançamento das vacinas na UE, milhões de europeus esperavam que as doses ficassem no continente. Em janeiro, porém, a UE passou a exigir que as empresas solicitassem permissão para exportar as vacinas. Ao todo, 380 remessas foram enviadas a outros países.
“Por um lado queremos preservar as cadeias de abastecimento globais e combater o protecionismo, mas, por outro lado, queremos cuidar de nossa própria população, porque essa é a única saída para a crise”, disse a chanceler alemã Angela Merkel.
Alguns governos da UE, como a Bélgica, Holanda e Alemanha, têm pressionado para o bloco não avance nessa proposta. As medidas poderiam ameaçar o futuro da Europa como uma importante base farmacêutica, argumentam.
Divergência
Conforme o portal especializado Politico, a revisão serve para defender a UE das críticas sobre a contenção de vacinas enquanto países empobrecidos seguem com pouca ou nenhuma inoculação.
Outro objetivo é cobrar o Reino Unido, que avançou na imunização local sem exportar um “montante relevante” de vacinas. De acordo com Leyen, 21 milhões das doses entregues à Grã-Bretanha vieram da UE.
Mas também há divergências dentro da própria UE. Após horas de negociação no encontro virtual da quinta-feira, os embaixadores receberam como incumbência fechar as negociações sobre o envio de uma carga de dez milhões de doses.
O embate começou com o chanceler austríaco Sebastian Kurz, que insistiu na “extrema necessidade” de a Áustria receber a remessa. Dados da Comissão Europeia, porém, apontam que o país está entre os países que mais vacinaram no continente.
Além disso, Viena já havia concordado com a fórmula que concede uma chance igual de recebimento das vacinas a cada Estado-membro da UE – o que daria prioridade a outras nações. Com o impasse, os diplomatas de cada país terão de resolver como se dará a distribuição.
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