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segunda-feira, 22 de março de 2021

Bolívia processa Almagro, da OEA, após acusação de fraude eleitoral em 2019

O governo da Bolívia decidiu processar Luis Almagro, o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), por violar o acordo entre a entidade e a nação andina, na última terça (16).

Segundo o ministro da Justiça, Iván Lima, o discurso de fraude eleitoral de outubro de 2019, que gerou protestos violentos e forçou a renúncia do então presidente e postulante à reeleição Evo Morales, teve o aval do secretário-geral da entidade. “A OEA e Almagro tiveram papel essencial no golpe”, disse.

À agência boliviana ABI, Lima afirmou que houve uma “violação evidente e flagrante” nas ações da OEA sobre a Bolívia depois que o secretário-geral do órgão entregou um relatório preliminar que indicava fraude no pleito.

La Paz processa Almagro por 'violar acordo' entre OEA e Bolívia em 2019
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, no Conselho de Seguridade Social de El Salvador, em abril de 2016 (Foto: Divulgação/Presidência El Salvador)

O documento, descrito como “prematuro”, não fazia parte do acordo do país com a entidade, apontou Lima à emissora Kawsachun Coca, neste domingo (21). Conforme o ministro, o principal motivo para o golpe foi seria a vitória de Morales nas urnas – após uma candidatura contestada, vista como “tapetão” para garantir uma nova eleição do líder, no poder de forma ininterrupta desde 2006.

“Como sabemos, Evo Morales ultrapassou os 40% dos votos e, portanto, era o presidente eleito do país. Almagro e a oposição boliviana não gostaram disso”, defendeu Lima.

O relatório lançado por Almagro serviu de base para que o opositor de Morales, Carlos Mesa, mobilizasse protestos em todo o país horas após a reeleição, em 20 de outubro de 2019. Com o auxílio das Forças Armadas, em 2 de novembro, lideranças de todo país pressionaram pela saída do ex-presidente, que se exilou na Argentina.

OEA pede libertação de Áñez

O anúncio contra Almagro vem na esteira do pedido de libertação da OEA para ex-presidente interina, Jeanine Áñez, e dois de seus ministros. Na segunda-feira (15), a entidade expressou preocupação com o “abuso dos mecanismos judiciais” em prol do “partido no poder” na Bolívia.

No mesmo dia, Almagro propôs a formação de uma “comissão internacional” para investigar casos de corrupção desde o último mandato de Morales. A medida inclui o governo de transição de Áñez, que assumiu após a renúncia do então presidente.

Em resposta, o atual presidente Luis Arce, do MAS (Movimento ao Socialismo) de Morales e eleito em novembro último, afirmou que a OEA pretende prejudicar o governo.

Áñez está em prisão preventiva desde o dia 14 e é acusada de golpe de Estado. Em comunicado, a OEA negou as acusações e afirmou que La Paz age contra Almagro por “falta de moral”.

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