O julgamento do ex-diplomata canadense Michael Kovrig, detido na China há mais de dois anos por acusações de espionagem, chegou ao fim nesta segunda-feira (22) após deliberação de um tribunal de Beijing. A corte, porém, ainda não tem data para anunciar o veredito, disse a CNN.
A China prendeu Kovrig e seu colega, Michael Spavor, em dezembro de 2018, pouco após a polícia canadense prender a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, sob mandado dos EUA. Beijing nega que as detenções tenham relação com a prisão da executiva.
Em comunicado ao qual a emissora canadense CBC teve acesso, o tribunal afirmou que Kovrig compareceu com seu advogado para enfrentar acusações de espionagem e fornecimento de inteligência fora do país. A audiência foi fechada por envolver “segredos de Estado”, afirmou o texto.
Já Spavor, empresário baseado na Coreia do Norte, sofre acusações de “fornecer informações a Kovrig”. O empresário foi a julgamento em um tribunal fechado da cidade de Dandong, ao nordeste do país, na sexta (16).
A embaixada canadense pediu para comparecer aos dois julgamentos, mas teve o pedido negado. “Agora vemos que o processo do tribunal em si não é transparente. Estamos preocupados com isso”, disse o representante do consulado, Jim Nickel.
A Justiça chinesa proibiu 28 diplomatas de 26 países de acessar a audiência. O grupo, contudo, permaneceu do lado de fora do Tribunal de Beijing, onde havia forte presença policial. Conforme a emissora estatal CCTV, o anúncio do veredito deverá vir “em data posterior”.
Precedentes
As audiências ocorrem após uma intensa troca de farpas na abertura de uma cúpula diplomática, no Alasca, na sexta (19). O encontro foi o primeiro entre os principais diplomatas dos EUA e da China desde janeiro, quando Joe Biden assumiu a Casa Branca.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, já se recusou repetidamente a considerar a troca dos dois canadenses por Meng. Em fevereiro, o parlamento canadense aprovou uma moção não-vinculativa que acusa a China de cometer genocídio contra as minorias muçulmanas na região de Xinjiang.
Os tribunais chineses têm uma taxa de condenação de 99%. Analistas apontam que a libertação deve depender de uma solução diplomática.
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