Líderes de nove agências da ONU (Organização das Nações Unidas) e duas entidades não-governamentais exigiram o fim do ataques e violência contra civis na região de Tigré, no norte da Etiópia, nesta terça (23).
Em comunicado, o grupo pediu uma investigação independente sobre as campanhas de estupro e “outras formas horríveis de violência sexual”. Os conflitos começaram em novembro de 2020.
Entre os signatários estão a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, o líder da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhenom Ghebreyesus, e o mandatário do Escritório de Assuntos Humanitários, Mark Lowcock.
O grupo enfatiza que o acesso humanitário na região é essencial. Desde o início dos confrontos, a Etiópia proibiu a entrada de jornalistas e agentes das entidades em Tigré – o que acelerou as violações na região, aponta a ONU.
No apelo, os líderes apontam que quase 70% das instalações de Tigré foram saqueadas e 30% danificadas. Do total, apenas 13% seguiam funcionais. Além disso, locais de atendimento à saúde relataram “grandes e generalizadas” interrupções.
“Apenas uma unidade oferece a gama completa de serviços para o tratamento a sobreviventes de estupro”, apontou o documento. A maioria dos deslocados vive em prédios inacabados ou danificados, o que aumenta o risco de violência de gênero e de propagação de doenças infecciosas.
Deslocamento massivo
Enquanto isso, o conflito continua a gerar deslocamentos massivos – a maioria para o Sudão. A desnutrição é outro ponto de alerta, apesar da recente entrega de cestas básicas a cerca de um milhão de pessoas.
Ainda não se sabe quantos milhares de civis ou soldados foram mortos desde que as forças da Etiópia invadiram Tigré. A Eritreia, inimigo de longa data dos líderes da região, é acusada de aliar-se aos governo etíope no conflito, o que o primeiro-ministro Abiy Ahmed nega.
A violência em Tigré reiniciou em 11 de novembro. Naquela data, forças etíopes assumiram o controle da região ao alegar “desobediência civil” após autoridades locais realizarem eleições mesmo depois do adiamento imposto pelo governo federal.
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