Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas
Um Encontro de Cúpula de Emergência para prevenir o aprofundamento da crise em Mianmar. Este foi o apelo do relator especial da ONU que investiga os direitos humanos no país do sudeste asiático em comunicado lançado nesta quinta (25).
Tom Andrews sugere que o encontro junte todas as partes interessadas, incluindo parlamentares eleitos democraticamente antes da intervenção militar de 1º de fevereiro. O golpe prendeu a líder da oposição e Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, e outros integrantes do gabinete.
Os militares tomaram o poder após alegarem fraude nas eleições de novembro, que deram vitória ao partido Liga Nacional para a Democracia, de Suu Kyi.
Segundo o relator, o “ritmo e escopo” da resposta internacional nas últimas semanas “estão aquém do necessário para evitar uma crise que se aprofunda”.
“As condições em Mianmar estão se deteriorando e provavelmente vão piorar muito sem uma resposta internacional robusta e imediata”, disse. Para Andrews, é fundamental que a comunidade internacional dê ouvidos ao recente apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, por uma .resposta internacional firme e unificada.
As sanções impostas até agora pelos Estados-membros não afetam o acesso da junta militar às receitas que ajudam a sustentar suas “atividades ilegais”, disse o relator. Segundo ele, os ativos de negócios mais lucrativos seguem “ilesos.”
Lentidão
Andrews afirmou que a lentidão da diplomacia está em descompasso com a escalada da crise. Ele apelou para que a “abordagem incremental” das sanções seja substituída por uma ação robusta que inclua uma “ofensiva diplomática”.
O relator está recebendo relatos de que a situação pode ficar ainda mais fora de controle, com um aumento dramático na perda de vidas.
Ele acrescentou que é fundamental que o povo de Mianmar, partidos de oposição, líderes e ativistas, “vejam que a comunidade internacional está trabalhando para uma solução à crise em apoio ao movimento pacífico de desobediência civil“.
Segundo Andrews, uma combinação de resistência pacífica doméstica, pressão sustentada e impulso diplomático internacional “terá uma chance maior de sucesso do que pegar em armas e salvará um número incontável de vidas.”
Ele afirmou, no entanto, que o tempo para essa proposta está se esgotando. Enquanto isso, a crise continua afetando as pessoas mais vulneráveis durante a crise de Mianmar, incluindo migrantes.
De acordo com a OIM (Organização Internacional para Migrações), a lei marcial imposta nos municípios de Yangon forçou milhares a retornar aos seus locais de origem, muitos com poucas economias para sustentar a si próprios e suas famílias.
Segundo a OIM, quase 100 mil migrantes retornaram às suas comunidades no estado de Rakhine e na região de Ayeyarwady. Já no início de março, o Programa Mundial de Alimentos relatou aumentos acentuados nos preços dos alimentos e combustíveis em muitas partes do país. O aumento é resultado de interrupções no mercado e cadeias de abastecimento.
Investigação
Na quarta-feira, o Mecanismo de Investigação Independente para Mianmar informou que continua empenhado em conseguir justiça.
O chefe do Mecanismo, Nicholas Koumjian, disse em comunicado que o órgão continua a coletar evidências e construir arquivos dos crimes internacionais mais graves cometidos no país desde 2011.
Segundo ele, o grupo também tem coletado evidências sobre relatos de prisões arbitrárias, tortura, desaparecimentos forçados e uso de força desde que os militares tomaram o poder.
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