O grupo extremista EI (Estado Islâmico) assumiu nesta segunda (29) a autoria do ataque à cidade de Palma, na província moçambicana de Cabo Delgado, segundo informações da Reuters. Há confirmação de ao menos 55 mortos – entre eles civis e um soldado britânico.
Centenas de militantes invadiram a cidade ainda na quarta-feira (24). O avanço da violência culminou na tomada total da cidade na noite de sábado (27), quando insurgentes cercaram quatro hotéis onde se hospedavam funcionários estrangeiros das empresas internacionais de gás, incluindo a francesa Total, instaladas na cidade.
Cerca de 200 pessoas foram detidas, centenas estão desaparecidos e boa parte da cidade está destruída, relatou o jornal norte-americano “The New York Times”. A maioria das redes de comunicação está cortada.
O ataque é o mais recente capítulo da devastação no norte de Moçambique, região acuada por militantes extremistas desde 2017. Em 2020, houve uma escalada de violência quando grupos passaram a avançar sobre as reservas de gás natural. Já são dois mil mortos e mais de 670 mil foram forçados a se deslocar.
Palma sedia o projeto multimilionário de extração de gás natural da Total na região. A companhia interrompeu a obra multibilionária após ameaças em janeiro deste ano.
À organização Human Rights Watch, testemunhas relataram corpos abandonados nas ruas e pessoas fugindo ao som de tiros na quarta-feira. Depois dos cortes nas linhas telefônicas, não houve mais acesso às autoridades.
Vácuo de segurança
A invasão de Palma antecedeu a entrada das tropas da Ucrânia na região. Até a semana passada, o combate aos jihadistas contava com a ajuda da empresa privada sul-africana DAG (Dyck Advisory Group), que abastece de mercenários a região.
Com o contrato previsto para encerrar no próximo dia 6, Cabo Delgado passaria a contar com a defesa de soldados moçambicanos treinados na África do Sul e de tropas de ucranianos em helicópteros russos, de acordo com a emissora VOA (Voice of Africa).
Em dezembro, Washington prometeu auxiliar Moçambique no combate ao EI. O primeiro passo foi a inclusão dos extremistas à lista de terroristas internacionais, no dia 11.
Com poucos recursos, o Exército moçambicano foi facilmente derrotado pelos insurgentes ainda no ano passado, quando o EI atacou a cidade de Mocímboa da Praia.
O Estado Islâmico se uniu ao grupo terrorista antes dominante em Cabo Delgado, Ahlu Sunnah Wa-Jama, em 2019. A união logo tornou os militantes conhecidos pelas ações violentas, como decapitações em massa e destruição de vilarejos em tentativas de recrutamento de novos integrantes.
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