Este conteúdo foi publicado originalmente na agência ONU News, da Organização das Nações Unidas
Em visita à UE (União Europeia), na sexta-feira (29), o relator especial da ONU para a pobreza extrema, Olivier de Schutter, afirmou que a organização deve repensar sua governança socioeconômica para erradicar a pobreza.
“A região fez progressos recentes na erradicação da pobreza, mas não deve cair na complacência”, apontou. Em comunicado, Schutter afirmou que o compromisso da UE de tirar 20 milhões de pessoas da pobreza até 2020 foi “amplamente esquecido”.
Segundo o especialista, a UE teve um crescimento da economia e do emprego estável durante vários anos e, por isso, a a única explicação para este fracasso é que os benefícios não foram distribuídos uniformemente.
Em 2019, cerca de 21% da população corria risco de pobreza ou exclusão social – um total de 92,4 milhões de pessoas. Além disso, 23% das crianças viviam na pobreza e 20,4 milhões de trabalhadores estavam em risco de pobreza.
As mulheres estão desproporcionalmente representadas entre os pobres. Cerca de 85% das famílias monoparentais têm mulheres como chefes e 40% delas estão em risco de pobreza.
Pandemia
No último ano, a crise da Covid-19 afetou muitos europeus que nunca tinham vivido em situação de pobreza. “Conversei com pessoas que passaram fome pela primeira vez e foram expostas porque não tinham onde morar”, relatou.
Segundo ele, em vez de priorizar investimentos em saúde, educação e proteção social, essas recomendações frequentemente impõem cortes orçamentários em nome da eficiência de custos.
“Desde 2009, os Estados-membros diminuíram seus investimentos nessas áreas críticas”, pontuou. “A luta contra a pobreza é a peça que falta neste Acordo Verde”, afirmou sobre o plano do final de 2019 como nova estratégia de crescimento.
“O O documento procura combinar objetivos ambientais e sociais, mas enquanto não existirem ações concretas, milhões continuarão a lutar por um padrão de vida decente em uma sociedade que os deixa para trás”.
Entre 160 bilhões e 190 bilhões de libras esterlinas se perdem a cada ano devido a competição fiscal, apontou Schutter. “Isso resulta na transferência da carga tributária de grandes corporações e indivíduos ricos para trabalhadores e consumidores”.
Encontros
O relator encontrou-se com representantes de instituições como Comissão Europeia, Conselho da UE, Parlamento Europeu, Autoridade Europeia do Trabalho, entre outros, bem como representantes nacionais.
Para Schutter, a “crise atual é a chance de a Europa se reinventar, colocando a justiça social em seu centro”. Conforme o relator, a apresentação do Plano de Ação para implementar o Pilar Europeu dos Direitos Sociais esse ano, é uma oportunidade.
O relator apresentará um documento final sobre a visita ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, em junho desse ano.
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