O índice de aprovação às medidas do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, em meio a pandemia já alcança 91%. A avaliação cresceu quatro pontos percentuais desde dezembro de 2019, aponta uma pesquisa do instituto Pulse Asia.
Analistas, contudo, questionam os dados. Com 10,7 mil óbitos, o país é o segundo com o maior número de mortes em decorrência do vírus no sudeste asiático, atrás apenas da Indonésia. Já são mais de 525 mil casos confirmados.
As restrições impostas para barrar a Covid-19 no país também ocasionaram uma contração de 9,5% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, primeira recessão desde 1998. Bloqueios ineficazes, fura-filas de vacinas e uma alta nas denúncias de abusos aos direitos humanos estão entre as críticas ao governo filipino.
Entre abril e junho, quando o governo ampliou as restrições em todo o país, as mortes relacionadas à “guerra às drogas” aumentaram mais de 50%, estima a Human Rights Watch. O dado tem base de comparação ao mesmo período de 2019.
Muitos dos óbitos estão relacionados à chamada “red-tagging” – que denomina ativistas de esquerda. Na mídia, o governo também impôs sanções e chegou a fechar a emissora ABC-CBN, a maior do país.
Apoiado pelas classes baixa e média, legiões de apoiadores inundam as redes sociais com a promoção de Duterte e ataque a seus oponentes. Seu principal opositor, o vice-presidente Leni Robredo, tem 57% de aprovação no país, conforme a Pulse Asia.
Pesquisa sob suspeita
O medo de uma possível resposta agressiva das autoridades e as doações de dinheiro dadas pelo governo a milhões de famílias pobres podem ter interferido nas respostas, disseram analistas ao portal filipino Rappler.
Especialistas examinam se o viés da pesquisa interferiu nos índices de aprovação do presidente. Mas o consenso sobre a crescente popularidade de Duterte – “é inegável”, disse Ronald Mendoza, professor da Universidade Ateneo, na capital Manila.
“Em um ambiente onde há muita incerteza, desemprego, fome e pandemia, é compreensível que as pessoas tenham medo e gravitem em torno de quem as fazem se sentir seguras”, apontou o especialista ao diário britânico “Financial Times”.
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