A nomeação do presidente Idriss Déby, no sábado (6), para concorrer ao sexto mandato gerou protestos e violência no Chade. A perseguição a opositores inaugura o mais recente período de tensão antes do pleito, agendado para 11 de abril.
A polícia prendeu mais de 40 manifestantes contrários a Déby no final de semana. A população foi às ruas logo após o partido governista MPS (Movimento de Salvação Patriótica) anunciar que o presidente concorreria novamente.
Na capital N’Djamena, cidadãos atearam fogo em pneus e pediram que o presidente não disputasse o pleito. Também há registro de manifestações nas cidades de Moundou, Doba, Sarh e Abeche, disse a agência France 24.
A reação violenta contra os manifestantes tem amparo em uma lei aprovada no último dia 4. Ao alegar “temor de desordem pública”, o governo proibiu protestos em todo o país. Pelo menos 14 dos detidos já são acusados formalmente por “agressão” e “perturbação”.
Outros 30 envolvidos nos protestos foram condenados a três meses de prisão. “A situação confirma o rápido encolhimento cívico no Chade à medida que as eleições se aproximam”, alertou o pesquisador da Anistia Internacional na África, Abdoulaye Diarra.
Oposição forma aliança
Na terça (9), a frente de oposição “Aliança da Vitória” escolheu seu candidato, Théophile Bongoro, para disputar a Presidência contra Déby, segundo o portal da alemã Deutsche Welle.
Bongoro derrotou Saleh Kebzabo, vice-campeão na eleição de 2016, com nove votos a cinco nas primárias. A oposição do Chade atribui a vitória ininterrupta de 30 anos de Déby à fragmentação da oposição.
Déby subiu ao poder após uma rebelião contra o autocrata Hissène Habré em 1990. Desde então, foi reeleito a cada cinco anos em vitórias supostamente esmagadores. Os resultados, porém, vem acompanhados de controle restrito da imprensa e das atividades do Estado.
Em 2018, o chefe de Estado aprovou uma nova Constituição onde restabelecia os limites de seu mandato. A lei garante sua permanência no poder até 2033.
Aliado às nações ocidentais contra os militantes islâmicos na África, o Chade enfrenta protestos e greves nos últimos anos devido aos problemas econômicos derivados da baixa nos preços do petróleo e da rebeliões armadas no norte do país.
Entre denúncias de corrupção, nepotismo e negligência em relação aos altos índices de pobreza entre 13 milhões de habitantes do Chade, Déby mantém o regime à base de prisões arbitrárias e restrição às redes sociais. No Índice de Desenvolvimento da ONU, o país ocupa a 187ª posição entre 189 nações.
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