O Brexit sairá quatro vezes mais caro para o Reino Unido, na comparação com as perdas no PIB (Produto Interno Bruto) para a UE (União Europeia) e para a ilha, de acordo com estimativas de curto prazo divulgadas nesta quinta (11) por Bruxelas.
A saída deve representar, no PIB, uma perda de cerca de 2,25% até o final de 2022 – para a UE, a perda seria de o,5%. Em dinheiro, os britânicos devem perder cerca de 45,7 bilhões de euros (ou £40 bilhões) no período.
O relatório aponta que a perda seria maior caso ocorresse uma saída sem acordo entre as partes, o chamado “hard Brexit”. O acordo de livre comércio entre a UE e o Reino Unido foi assinado no último dia 24 de dezembro, uma semana antes do prazo final.
Com o acordo, o impacto negativo foi reduzido em 1/3 para a UE e 1/4 para o Reino Unido. Sem ele, seria preciso recorrer às regras já estabelecidas pela OMC (Organização Mundial do Comércio), o que imporia múltiplas dificuldades ao fluxo comercial no curto prazo.
No Reino Unido, o Banco da Inglaterra estima um crescimento de 5% no PIB deste ano e de 7,25% em 2022. A economia retornaria aos níveis pré-Covid no final de 2021, com chance de um resultado melhor caso continuem avançando no programa nacional de vacinação.
Onde haverá perda
O acordo de livre comércio Reino Unido-UE prevê normas comerciais para questões como investimento, concorrência, fluxo de bens e serviços, subsídios, transparência em relação a impostos e tarifas, normas para pesca, coordenação de seguridade social e governança de sustentabilidade.
Mesmo assim, espera-se maior burocracia na entrada e saída de produtos, nas questões alfandegárias e maiores diferenças regulatórias – além de um período de adaptação ao novo sistema.
“Embora o TCA (Acordo de Comércio e Cooperação, em inglês) vá além dos acordos tradicionais em escopo e profundidade, um acordo de livre comércio não é capaz de igualar o nível de cooperação à disposição de um membro da UE”, afirma o estudo.
A consequência do fim da mobilidade de bens, serviços, pessoas e capital criaria “barreiras não-tarifárias significativas”. A estimativa é que seriam equivalentes a uma tarifa de importação de 10,9% para a UE e 8,5% para o Reino Unido.
Como há um acordo de livre comércio, observa-se que exportadores de bens materiais terão menos dificuldades que as empresas que fornecem serviços de e para o Reino Unido. Neste caso, exportadores europeus e o próprio Reino Unido – cuja economia é 80% composta pelo setor de serviços – sofrerão maiores impactos.
O jornal “The Guardian“, de Londres, lembrou que já havia estudos que estimavam um peso maior na economia do Reino Unido ante a UE. A constatação de Bruxelas seria, porém, a primeira estimativa oficial a dar conta dos efeitos imediatos da saída.
O governo do premiê Boris Johnson optou por não realizar estudos de impacto da decisão sobre a economia local. Em janeiro, a secretária de Comércio Liz Truss disse a membros do Parlamento que era hora de “olhar para frente”, segundo o diário inglês “Independent“.
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