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domingo, 14 de fevereiro de 2021

Brexit sairá quatro vezes mais caro para Reino Unido do que para UE até 2022

O Brexit sairá quatro vezes mais caro para o Reino Unido, na comparação com as perdas no PIB (Produto Interno Bruto) para a UE (União Europeia) e para a ilha, de acordo com estimativas de curto prazo divulgadas nesta quinta (11) por Bruxelas.

A saída deve representar, no PIB, uma perda de cerca de 2,25% até o final de 2022 – para a UE, a perda seria de o,5%. Em dinheiro, os britânicos devem perder cerca de 45,7 bilhões de euros (ou £40 bilhões) no período.

O relatório aponta que a perda seria maior caso ocorresse uma saída sem acordo entre as partes, o chamado “hard Brexit”. O acordo de livre comércio entre a UE e o Reino Unido foi assinado no último dia 24 de dezembro, uma semana antes do prazo final.

Brexit sairá quatro vezes mais caro para Reino Unido do que para UE até 2022
Bandeiras do Reino Unido e União Europeia (Foto: UE)

Com o acordo, o impacto negativo foi reduzido em 1/3 para a UE e 1/4 para o Reino Unido. Sem ele, seria preciso recorrer às regras já estabelecidas pela OMC (Organização Mundial do Comércio), o que imporia múltiplas dificuldades ao fluxo comercial no curto prazo.

No Reino Unido, o Banco da Inglaterra estima um crescimento de 5% no PIB deste ano e de 7,25% em 2022. A economia retornaria aos níveis pré-Covid no final de 2021, com chance de um resultado melhor caso continuem avançando no programa nacional de vacinação.

Onde haverá perda

O acordo de livre comércio Reino Unido-UE prevê normas comerciais para questões como investimento, concorrência, fluxo de bens e serviços, subsídios, transparência em relação a impostos e tarifas, normas para pesca, coordenação de seguridade social e governança de sustentabilidade.

Mesmo assim, espera-se maior burocracia na entrada e saída de produtos, nas questões alfandegárias e maiores diferenças regulatórias – além de um período de adaptação ao novo sistema.

“Embora o TCA (Acordo de Comércio e Cooperação, em inglês) vá além dos acordos tradicionais em escopo e profundidade, um acordo de livre comércio não é capaz de igualar o nível de cooperação à disposição de um membro da UE”, afirma o estudo.

Brexit sairá quatro vezes mais caro para Reino Unido do que para UE até 2022
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em reunião da União Europeia em setembro de 2017 (Foto: UE/Arno Mikkor)

A consequência do fim da mobilidade de bens, serviços, pessoas e capital criaria “barreiras não-tarifárias significativas”. A estimativa é que seriam equivalentes a uma tarifa de importação de 10,9% para a UE e 8,5% para o Reino Unido.

Como há um acordo de livre comércio, observa-se que exportadores de bens materiais terão menos dificuldades que as empresas que fornecem serviços de e para o Reino Unido. Neste caso, exportadores europeus e o próprio Reino Unido – cuja economia é 80% composta pelo setor de serviços – sofrerão maiores impactos.

O jornal “The Guardian“, de Londres, lembrou que já havia estudos que estimavam um peso maior na economia do Reino Unido ante a UE. A constatação de Bruxelas seria, porém, a primeira estimativa oficial a dar conta dos efeitos imediatos da saída.

O governo do premiê Boris Johnson optou por não realizar estudos de impacto da decisão sobre a economia local. Em janeiro, a secretária de Comércio Liz Truss disse a membros do Parlamento que era hora de “olhar para frente”, segundo o diário inglês “Independent“.

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