Com uma vitória esmagadora neste domingo (10), o nacionalista Sadyr Japarov, conhecido como ‘Trump do Quirguistão’, é o novo primeiro-ministro e presidente em exercício do país da Ásia Central.
O político somou quase 79,2% dos votos, confirmou o britânico “Financial Times”. Japarov disputou o cargo com outros 17 candidatos. Nenhum recebeu mais de 2,4% dos votos.
Condenado a 11 anos de prisão por sequestro, Japarov é um ex-membro do parlamento quirguiz. Ele deixou a prisão em outubro, durante protestos violentos contra o ex-presidente Sooronbai Jeenbekov.
O premiê eleito chegou a ocupar o cargo de primeiro-ministro por algumas semanas, até renunciar para disputar o pleito. Desde que assumiu a presidência interina, o político prometeu repartir os lucros de minérios de “forma mais justa”.
A medida desagradou o presidente russo, Vladimir Putin, que já acumulava tensões com a antiga nação soviética após os protestos pela queda de Jeenbekov, seu aliado.
Em resposta, Japarov prometeu manter “laços estreitos” com Moscou. “A Rússia é nosso parceiro estratégico”, disse a repórteres na capital Bishkek. O país o principal destino de milhares de trabalhadores migrantes, cujas remessas são essenciais à economia do país.
A China também disputa influência na rica região da Ásia Central. Esta é a terceira queda de um chefe de Estado da Ásia Central via protesto popular desde 2005.
Jogo desigual, diz OSCE
Apesar de transcorrerem de forma legal e sem interrupções, as eleições foram prejudicadas pelo “jogo desigual” entre candidatos, disseram observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa).
Embora o direito à campanha fosse igual a todos, Japarov dominou o pleito com recursos financeiros superiores a de seus adversários. Neste sentido, há suspeita de desvio de verba pública e compra de votos.
“As diferenças nos fundos de campanha disponíveis para os candidatos aumentaram o desequilíbrio no âmbito e na visibilidade das campanhas. No geral, houve pouco debate político, com a discussão centrada mais nas personalidades dos candidatos”, apontaram os analistas da OSCE.
O órgão estima que cerca de 300 mil cidadãos quirguizes foram impedidos de votar após esforços para impedir a compra de votos no país.
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