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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Após envenenamento, Navalny retorna à Rússia, é detido e será ‘julgado’

A Rússia já começou o julgamento ao político de oposição Alexei Navalny nesta segunda-feira (18). Conforme o portal independente russo MediaZona, o Tribunal de Khimk iniciou a sessão às 12h50 locais – 6h50 no horário de Brasília.

Navalny foi detido pela polícia russa assim que chegou ao país, neste domingo (17), após cinco meses de recuperação na Alemanha. O opositor foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria.

Rússia inicia julgamento de Alexei Navalny cinco meses após envenenamento
Momento da detenção de Alexei Navalny ao chegar no Aeroporto de Moscou, em 17 de janeiro de 2020 (Foto: Reprodução/Twitter Kira Yarmysh)

Em um vídeo divulgado por sua porta-voz, Kira Yarmish, Navalny relata confusão e pressa para validar sua prisão. “Não entendo o que está acontecendo”, disse. O político relata ter passado a noite na prisão antes de deixar a cela para se encontrar com advogados.

“Por que essa sessão está sendo realizada? Ninguém foi notificado, nenhuma intimação foi dada”, afirmou Navalny em vídeo. “A resposta é simples. Eles têm tanto medo do ridículo que simplesmente rasgaram o Código Penal”.

O Ministério de Assuntos Internos da Rússia está reunido para discutir a prisão preventina de Navalny por 30 dias. Nenhum jornalista foi autorizado a acompanhar a decisão.

O julgamento de Navalny estava previsto para 29 de janeiro, mas pode ter sido adiantado após países pressionarem pela soltura imediata do opositor. Chanceleres da Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália já pediram pela libertação do russo.

A Lituânia e República Tcheca pediram à UE (União Europeia) a impor novas sanções a Moscou, informou a Reuters. Nos EUA, o assessor de Joe Biden, Jake Sullivan, e o secretário de Estado Mike Pompeo demonstraram preocupação com a detenção.

De acordo com a agência russa Tass, Navalny está sob custódia devido a uma condenação do Tribunal de Zamoskvoretsky, em dezembro de 2014, por fraude e lavagem de dinheiro. O político, que já foi detido diversas vezes por desafiar o Kremlin, nega as acusações.

Consequências internacionais

Nesta segunda (18), a presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, condenou a detenção de Navalny e exigiu sua libertação imediata. “A detenção de oponentes políticos é contra os compromissos internacionais da Rússia”, disse.

Ao rejeitar os pedidos, a Rússia pediu que o Ocidente cuide de seus próprios negócios. “Não invada a legislação nacional de estados soberanos e trate dos problemas em seu próprio país”, escreveu a porta-voz do Kremlin Maria Zakharova no Facebook.

Além das sanções demandadas à UE, o caso de Navalny pode desencadear outras represálias à Rússia. A maior visibilidade recai sobre o projeto do mega gasoduto Nord Stream 2.

A obra de US$ 11,6 bilhões entre Rússia e Alemanha deve ser concluída em breve, apesar dos riscos de interferência. O chanceler russo, Sergei Lavrov, descartou a possibilidade de uma nova paralisação. Segundo ele, as sanções não passam de uma “tentativa para desviar a atenção dos problemas do Ocidente”.

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