Jim Whitehurst, presidente da multinacional de tecnologia IBM, alertou nesta sexta (14) que a escassez de chips semicondutores pode se prolongar por dois anos. A indústria tenta se recuperar do choque de demanda provocado pela reabertura da economia mundial, disse o executivo em entrevista à BBC.
Só a indústria automobilística deve perder US$ 110 bilhões em 2021 por conta da escassez, estima a consultoria AlixPartners. A previsão anterior era de US$ 61 bilhões de prejuízo após a produção de 3,9 milhões de veículos.
Os semicondutores são componentes essenciais aos veículos mais novos e opera desde sistemas de infoentretenimento até peças básicas, como direção hidráulica e freios. Dependendo do modelo, um veículo pode ter centenas de semicondutores.
A escassez é um reflexo da pandemia: os bloqueios forçados pela Covid-19 fizeram com que os chips disponíveis ao setor automobilístico fossem transferidos à produção de eletrônicos. Com o reaquecimento econômico, as montadoras estão sem as peças, que derivam dos minerais de terras-raras.
“Há uma grande defasagem entre o momento em que se desenvolve uma tecnologia e quando uma planta de fabricação entra em construção e há o lançamento dos chips”, afirmou Whitehurst. “Francamente, esperamos alguns anos antes de obtermos capacidade incremental suficiente para aliviar a escassez atual”.
A alta demanda já fez com que montadoras do mundo todo reduzissem a produção – fator que deve aumentar os preços de automóveis, apontou o britânico “The Guardian”. Em abril, a Ford anunciou que reduzirá a produção pela metade e que deixará de produzir as famosas caminhonetes F-150. O problema deve custar US$ 2,5 bilhões à companhia.
Aumento de preços e busca por alternativas
Os EUA já sentem a alta dos preços: cerca de um terço do aumento de 4,2% na inflação norte-americana se deu após o aumento dos preços de carros e caminhões. A escassez também afeta a fabricação de eletrodomésticos, que dependem dos semicondutores para a memória e chips de processamento.
A Samsung, que lidera a fabricação de chips de memória, já anunciou que a produção de televisões e eletrônicos será afetada pela escassez. No mundo, Taiwan domina a produção de chips de processamento, com a TSMC (Taiwan Semoconductor), que gera 92% dos semicondutores mais avançados do mundo.
A indústria já considera mudanças na maneira de uso dos microchips, disse Whitehurst. “Teremos que olhar para a reutilização e estender a vida de certos tipos de tecnologia”, apontou.
Montadoras também pesquisam formas de desenvolver relacionamentos diretos com fabricantes de semicondutores, disse o co-diretor da AlixPartners, Mark Wakefield. Já a Ford anunciou que está redesenhando seus componentes automotivos para usar chips mais acessíveis.
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