Foram necessários meses na operação ‘Glowing Symphony’, responsável por invadir e destruir o sistema de propaganda online do grupo extremista EI (Estado Islâmico) em 2016. A emissora australiana ABC detalhou o processo em uma reportagem.
Ao final, no entanto, uma equipe de 20 especialistas da agência de inteligência australiana ADS (Australian Signals Directorate) conseguiu coletar três terabytes de dados do grupo terrorista – de imagens a documentos. Os backups foram destruídos.
Com agentes das forças especiais da Austrália e Estados Unidos, o tempo necessário para acessar as plataformas de recrutamento do grupo é evidência estrutura robusta utilizada pelos terroristas
Estima-se que 100 pessoas trabalhavam na unidade de propaganda, entre especialistas em TI (Tecnologia da Informação), designers gráficos e produtores de vídeo.
Com portais em várias línguas e uma grande capacidade de propagar informações online, o grupo já havia recrutado cerca de 3 mil pessoas por meio do sistema.
“Muitos dos indivíduos que trabalhavam no califado virtual tinham os mesmos salários e títulos que comandantes militares em campo”, disse a pesquisadora do Instituto Lowy, Lydia Khalil. “Isso mostra o nível de importância que o EI atribuiu aos esforços online”.
Ao final da ação, no entanto, a máquina de propagação de ódio e desinformação foi destruída. Com a ação, os hackers enfraqueceram o recrutamento do EI e a sua capacidade de lançar ataques.
Como aconteceram os ataques
A líder da operação foi uma hacker de 30 anos identificada como Sarah. Seu nome foi trocado por questões de segurança. Segundo ela, em 2016 a agência de inteligência australiana entendeu que não era suficiente lutar contra o EI por “terra”.
O primeiro passo foi espionar membros da unidade. “Precisávamos saber como eles responderiam quando iniciássemos as ações”, disse Sarah. Enquanto a espionagem acontecia, a equipe de TI identificou 10 pontos de entrada no sistema terrorista – não revelados pela ASD.
A operação final contra o EI foi em novembro de 2016. Em 12 horas e vários ataques simultâneos, a equipe conseguiu acessar as contas, bloqueá-las, roubar e deletar todo o conteúdo.
Para eliminar todo o material gráfico, os ataques continuaram por mais uma semana em vários domínios hospedados por todo o mundo.
EI não está extinto
Mesmo após perder todo o sistema online, a atuação do EI nas redes não está erradicada. Membros do grupo permanecem ativos e aprimoraram a segurança nas redes desde o início da pandemia.
Em Moçambique, um grupo fortemente armado tomou a região rica em gás natural no norte do país, próxima à fronteira com a Tanzânia. O EI permanece sua ofensiva violenta contra o povo yazidi, no norte do Iraque, e há registro de ataques na vizinha Síria.
“Sem os dados, o EI fez o possível para reconstruir o sistema, mas não é como antes”, disse Khalil. A ASD não confirma se invadiu novas contas desde 2016, por razões estratégicas e de segurança.
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