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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Rússia usa hackers para roubar segredos e obter vantagem militar contra os EUA, aponta relatório

A Rússia tem patrocinado, nos últimos dois anos, a ação de hackers que invadem os sistemas de empresas que atuam a serviço de Washington, no setor de defesa, com o objetivo de obter segredos militares norte-americanos. A afirmação consta de um relatório conjunto publicado por agências de defesa dos EUA na quarta-feira (16).

As empresas que atuam a serviço da defesa nacional são as CDCs (empreiteiras autorizadas de defesa, da sigla em inglês). De acordo com o documento, elas atuam em setores como sistemas de comando, de controle, de comunicações e de combate; inteligência, vigilância, reconhecimento e direcionamento de alvos; desenvolvimento de armas e mísseis; projeto de veículos e aeronaves e desenvolvimento de software, análise de dados, computadores e logística.

Sendo assim, as informações obtidas pelos hackers e cedidas a Moscou podem assegurar uma vantagem militar ao inimigo em caso de conflito. “Ao adquirir documentos internos proprietários e comunicações por e-mail, os adversários podem ajustar seus próprios planos e prioridades militares, acelerar os esforços de desenvolvimento tecnológico, informar os formuladores de políticas externas sobre as intenções dos EUA e direcionar potenciais fontes de recrutamento”, diz o relatório.

Hackers russos empreendem seguidos ciberataques contra o Ocidente (Foto: TheDigitalArtist/Pixabay)

Os principais alvos dos hackers são redes corporativas e de nuvem, tendo assim acesso a e-mails e outros dados vitais. “As informações adquiridas fornecem ideias significativas sobre os cronogramas de desenvolvimento e implantação de plataformas de armas dos EUA, especificações de veículos e planos para infraestrutura de comunicações e tecnologia da informação”.

Na maioria das vezes, o acesso dos hackers é assegurado por erros cometidos pelas CDCs ou seus funcionários. “Esses atores aproveitam senhas simples, sistemas sem patches e funcionários desavisados ​​para obter acesso inicial antes de se mover lateralmente pela rede para estabelecer persistência e exfiltrar dados”.

E o problema tende a permanecer, mesmo que as empresas a serviço da defesa norte-americana adotem melhores protocolos de segurança. Segundo o relatório, os “cibercriminosos patrocinados pelo Estado russo continuarão a visar as CDCs para informações de defesa dos EUA em um futuro próximo”.

Por que isso importa?

A mais recente edição do relatório anual de segurança digital publicado pela Microsoft, que cobre o período entre julho de 2020 e junho de 2021, indica que a Rússia é a nação que mais patrocina ataques hackers no mundo, seguida de longe pela Coreia do Norte.

“O cenário de ataques cibernéticos está se tornando cada vez mais sofisticado à medida em que os criminosos cibernéticos mantêm – e até mesmo intensificam – sua atividade em tempos de crise”, diz o relatório. “O crime cibernético, patrocinado ou permitido pelo Estado, é uma ameaça à segurança nacional. Ataques ransomware são cada vez mais bem-sucedidos, incapacitando governos e empresas, e os lucros com esses ataques estão aumentando”.

Os números colhidos no período mostram que o grupo Nobelium, acusado de ser patrocinado pelo Kremlin, é o mais ativo no mundos, responsável por 59% das ações hackers atreladas a governos. Em segundo lugar aparece o grupo Thallium, da Coreia do Norte, com 16%. O terceiro grupo mais ativo é o iraniano Phosphorus, com 9%.

Entre os setores mais atingidos, o governamental surge em destaque, sendo o alvo dos hackers em 48% dos casos apurados. Em segundo, com 31%, aparecem ONGs e think tanks. Já as nações mais visadas são os Estados Unidos, com 46%, a Ucrânia, com 19%, e o Reino Unido, com 9%.

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