Começou na quinta-feira (17), em Munique, o julgamento de um cientista russo acusado de roubar informações do programa espacial europeu e enviá-las a Moscou. O indivíduo, identificado apenas como Ilnur N., foi preso em junho de 2021 e responde por espionagem. As informações são da agência Reuters.
O acusado atuava na Universidade de Augsburg, um importante centro europeu de pesquisa aeroespacial, e teria sido cooptado pela inteligência russa no final de 2019. Na universidade, ele teria participado de “reuniões corriqueiras” com um funcionário de alto escalão do governo russo baseado na Alemanha.
Ilnur, de acordo com a promotoria, entregou a seus compatriotas informações sobre projetos de pesquisa no campo da tecnologia aeroespacial, “em particular os vários estágios de desenvolvimento do lançador europeu Ariane”, relatou a acusação.
A cidade de Augsburg, onde o agente russo trabalhava, abriga grande parte da fabricação do veículo de lançamento Ariane 6. Trata-se da próxima geração do programa espacial europeu, que consiste em uma série de foguetes projetados para transportar cargas pesadas para o espaço, incluindo satélites. O acusado teria recebido pelo serviço cerca de 2,5 mil euros (R$ 14,6 mil, na cotação atual) em dinheiro.
A acusação coloca mais lenha na fogueira da crise estabelecida no continente, considerando o contexto geopolítico de tensão entre a Rússia e os países da Europa Ocidental por conta da possibilidade de uma incursão militar na Ucrânia.
Por que isso importa?
As atividades de espionagem russas na Alemanha aumentaram muito nos últimos anos, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria. Em junho de 2021, o diretor da Agência para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, afirmou que a Rússia possui enorme interesse em Berlim, sobretudo nas “áreas políticas”.
A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes a Moscou. Haldenwang diz que há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas. “A abordagem está cada vez mais dura e implacável”, diz.
Alguns casos ligados à espionagem russa na Alemanha vieram a público, como o ataque cibernético contra 38 parlamentares alemães em março de 2021. A invasão faria parte da campanha “Ghostwriter”, supostamente do GRU (Serviço de Inteligência Militar da Rússia). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União Democrática Cristã), esta a sigla da então chanceler Angela Merkel.
Em dezembro do ano passado, a Promotoria da Alemanha pediu prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, em ação contra o russo Vadim Krasikov, acusado de atirar em Zelimkhan Khangoshvili, pseudônimo adotado por Tornike Kavtarashvili, um ex-comandante checheno que vivia em Berlim. O crime teria sido ordenado por Moscou.
Segundo os promotores encarregados do caso, o crime foi encomendado pelo Estado russo não apenas como retaliação, mas também como uma mensagem intimidadora a outros chechenos que busquem asilo no exterior.
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