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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Facebook diz ter derrubado rede de desinformação russa comandada pelo Kremlin

A Meta, empresa gestora do Facebook e do Instagram, disse ter derrubado nas duas redes sociais uma rede de desinformação russa, comandada pelo Kremlin, que tinha como alvo sobretudo a população da Ucrânia, país invadido por tropas da Rússia na última quinta-feira (24). As informações são do jornal britânico Guardian.

“Ela (a rede) era operada na Rússia e na Ucrânia e atingiu pessoas na Ucrânia em várias plataformas de mídia social e por meio de seus próprios sites. Retiramos esta operação, bloqueamos seus domínios de serem compartilhados em nossa plataforma e compartilhamos informações com outras plataformas de tecnologia, pesquisadores e governos”, diz um post publicado por Nathaniel Gleicher e David Agranovich, chefe de política de segurança e diretor de interrupção de ameaças da Meta, respectivamente.

Segundo a Meta, a rede era relativamente pequena, composta por cerca de 40 contas, páginas e grupos originários de duas redes sociais do grupo, Facebook e Instagram. Eram páginas que se diziam organizações independentes e, assim, criavam perfis falsos em diversos sites, entre eles Twitter e YouTube, bem como o aplicativo de mensagens russo Telegram.

Facebook: combate à desinformação na guerra da Ucrânia (Foto: Creative Commons/Stok Catalog)

A rede tinha cerca de quatro mil seguidores no Facebook e pouco menos de 500 no Instagram. Havia perfis que diziam pertencer a jornalistas, engenheiros aeronáuticos e hidrógrafos, todos supostamente vivendo em Kiev e difundindo falsas informações. O objetivo era expor a Ucrânia como uma nação fadada ao fracasso e dizer que o Ocidente havia traído o país ao não oferecer apoio militar durante o conflito.

“Entramos em contato com o governo da Ucrânia e, a pedido deles, também restringimos o acesso a várias contas na Ucrânia, incluindo aquelas pertencentes a algumas organizações de mídia estatal russas”, disse em sua conta no Twitter Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta.

A empresa afirmou que a rede tem conexão com outra que havia sido desabilitada em abril de 2020, ligada a indivíduos na Rússia, na Crimeia anexada e em Donbass, no leste ucraniano. Uma campanha hacker batizada Ghostwriter, patrocinada por Moscou, fez parte da desinformação há dois anos, com o objetivo de hackear perfis de figuras importantes da política ucraniana e por eles difundir informações pró-Rússia e contrarias à Ucrânia.

Lituânia e Polônia haviam emitido uma declaração pedindo que Twitter, Facebook, Google e YouTube suspendessem as contas de líderes políticos russos e belarussos, bem como da mídia e de outras instituições estatais nesses países. A Rússia reagiu com restrições parciais impostas às redes sociais, alegando se tratar de uma ação recíproca em função da censura à mídia estatal russa.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.

O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.

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