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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Ativista tártaro é preso por autoridades russas na Crimeia em função de post de 2017

O ativista tártaro Edem Dudakov foi preso na Crimeia ocupada pela Rússia depois que agentes da FSB (Agência Federal de Segurança, da sigla em inglês) russa fizeram uma busca na casa dele. As informações são da rede Radio Free Europa.

O advogado do ativista, Edem Semedlyayev, diz que a acusação é de incitar o ódio étnico, devido a um post publicado na internet em 2017. “Se for considerado culpado, ele pode pegar até 15 dias de prisão”, disse o defensor.

Em seu canal do aplicativo de mensagens russo Telegram, a ombudswoman ucraniana Lyudmyla Denisova, autoridade em direitos humanos no país do leste europeu, se manifestou sobre o caso. “As buscas começaram às 6h. Seus advogados não foram autorizados a entrar na casa de Eden. Edem Dudakov é um dos detratores públicos da destruição do palácio do Khan em Bakhchisarai pelo país ocupante, que rachou após o chamado ‘trabalho de restauração'”, disse ela, referindo-se à Rússia.

Denisova afirmou, ainda, que as “buscas nas casas dos cidadãos ucranianos na Crimeia temporariamente ocupada são contrárias às normas internacionais e são uma violação direta do artigo 5º da Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais, que garante a todos o direito à privacidade, e do artigo 8 da Convenção e a vida familiar”.

Ela ainda instou a comunidade internacional a aumentar a pressão sobre a Rússia em face do que chamou de “violações dos direitos humanos na Crimeia temporariamente ocupada”.

No início de fevereiro, a ombudswoman já havia contestado as prisões de outros quatro ativistas tártaros na na quarta-feira (9). Ela classificou as ações das autoridades de Moscou como “ilegais”, de acordo com reportagem da Radio Free Europe.

Sebastopol, principal cidade da Crimeia, região na Ucrânia anexada pelos russos em 2014 (Foto: Elen Wolf/Pixabay)

Por que isso importa?

Os tártaros são uma população muçulmana que vive na Crimeia, península ucraniana anexada à força por Moscou em março de 2014. A anexação ocorreu após a deposição do então presidente da Ucrânia Viktor Yanukovych, apoiado pelo Kremlin. Um consequente plebiscito aprovou a anexação pela Rússia.

Desde a anexação, considerada ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), instituições de direitos humanos denunciam a resposta agressiva da Rússia aos ativistas e civis da região. Segundo o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, há relatos de prisões “motivadas politicamente” todos os dias.

O governo russo também apoia os separatistas que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito já matou mais de 13 mil pessoas e fez a tensão entre os dois países escalar. Atualmente, um conflito armado entre russos e ucranianos é iminente, sendo que moscou tem mais de 120 mil tropas posicionadas para uma eventual invasão.

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