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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Atentado mata quatro civis em meio a eleições parlamentares na Somália

Em meio às eleições parlamentares que antecedem o pleito presidencial, a ser realizado em breve na Somália, ao menos quatro civis morreram e oito ficaram feridos em um ataque do Al-Shabaab, grupo extremista islâmico ligado à Al-Qaeda. A ação ocorreu na quarta-feira (9), na cidade de Barawe, sul do país, segundo o site local Garowe.

Testemunhas contam que o grupo terrorista disparou cinco rodadas de morteiros contra a cidade, atingindo residências nos bairros de Sakhawadin e Dayah. O Al-Shabaab, embora tenha confirmado a autoria do ataque, não deu maiores detalhes sobre a motivação, deixando em aberto se havia um alvo específico.

As autoridades somalis acreditam que o ataque dos jihadistas tenha relação com o pleito parlamentar, que ocorre no país até 25 de fevereiro, para depois ser realizada a eleição presidencial. O país vive momento politicamente tenso, com acusações de sabotagem eleitoral.

O mandato do atual presidente, Mohamed Abdullahi Farmaajo, venceu no dia 8 de fevereiro de 2021, e até hoje o substituto não foi escolhido. Por isso, o país sofre forte pressão de seus aliados, entre eles os Estados Unidos, para iniciar o processo eleitoral.

“Os líderes dos Estados-Membros nacionais e federais da Somália devem cumprir seu compromisso de concluir o processo parlamentar de maneira credível e transparente até 25 de fevereiro, o que estabelecerá ainda mais as bases para uma governança responsiva na Somália”, disse na terça-feira (8) o Departamento de Estado norte-americano.

Soldados do Exército da Somália celebram o resgate de grupo sequestrado pelo Al-Shabaab em maio de 2014 (Foto: Amison/Ramadan Mohamed)

Por que isso importa?

O Al-Shabbab chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.

O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares. 

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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